Pular para o conteúdo principal

Outra Amazônia 10: Esquerda e direita

Vamos explicar as coisas assim:
De um lado está a esquerda democrática, com valores de solidariedade e tolerância. Acreditamos na igualdade e no direito à felicidade de todos e todas, lutamos pela reinserção social, pela diversidade cultural e apostamos na dignidade e no valor dos princípios que fundam a democracia. Acreditamos que o Estado Social, com suas funções sociais (educação, saúde e segurança) e com seu compromisso com a sustentabilidade e a justiça, é o instrumento da manutenção e da evolução de uma sociedade coesa.
Do outro lado está a direita. No Brasil de hoje a direita é representada pelo PSDB e pelo DEM. A direita acredita que o Estado é parte do problema e não da solução, que olha para a sociedade de maneira estratificada e que diferencia as pessoas segundo critérios próprios (e vagos) de capacidades sócio-econômicas e sócio-culturais. Desse outro lado estão as pessoas que entendem que a solidariedade é filha da caridade e que, por isso, recusam ao Estado a responsabilidade sobre a educação, a saúde e a segurança. Estão as pessoas que não acreditam que há deveres partilhados pela sociedade como um todo, estão os que apelam ao individualismo, que colocam na iniciativa privada  e na filantropia a solução das desigualdades e da pobreza, que levam a sociedade a uma competitividade desenfreada e dificilmente regulável. Estão os que defendem as leis do mais forte, do mais rico, do mais poderoso.

Comentários

Anonymous disse…
Gostei muito destes dois parágrafos. Acho que eles têm um poder de síntese poderoso. Continue. Estou lendo atentamente esta série, que acho que é extremamente útil para entendermos as coisas que nunca são ditas e nem discutidas.
Aninha Magalhães.
Anonymous disse…
Deixa ver se entendi: estamos entre "Deus e o Diabo na Terra do Sol"? Concordo com o sr., Anônimo I (e esqueci quem disse que esquerda não é posição política, é religião).
Tem uma coisa que me parece o cerne desta discussão: por mais que a política seja a arte da composição e, portanto, esteja sujeita, pragmaticamente, ao jogo do poder, tem ela condições ou não de se posicionar, também pragmaticamente, levando em conta suas disposições éticas historicamente declaradas?

Filosoficamente, a questão que eu gostaria de colocar é a seguinte: Há imperativos de Dever no jogo do Poder?

Ou, dizendo de outra forma: o dever-ser ainda tem sentido diante do poder-ser?
Anonymous disse…
Fábio, traduzindo sua pergunta, me parece que você pergunta se quando a esquerda chega no poder ela tem obrigação de manter suas bandeiras históricas, e, mais do que isso, colocá-las em prática. É claro que sim, Fábio! Ou vocês chegaram lá unicamente pelo gostinho do poder? Tudo bem, não precisa responder.
Anonymous disse…
Ao Anônimo das 23:45, acho que o Fábio não está perguntando... Quando ele "pergunta" se a esquerda "deve" manter suas bandeiras, acho que, na verdade, ele está, indiretamente, constatando o fato de que a esquerda não "conseguiu" manter suas bandeiras. E talvez algo ainda mais profundo: que, talvez, a esquerda nem saiba mais quais são essas bandeiras...
Anonymous disse…
Ops, constatações indiscretas... a crítica é a que governo do PT: Lula, Ana Júlia, a possibilidade Dilma?...

Postagens mais visitadas deste blog

Eleições para a reitoria da UFPA continuam muito mal

O Conselho Universitário (Consun) da UFPA foi repentinamente convocado, ontem, para uma reunião extraordinária que tem por objetivo discutir o processo eleitoral da sucessão do Prof. Carlos Maneschy na Reitoria. Todos sabemos que a razão disso é a renúncia do Reitor para disputar um cargo público – motivo legítimo, sem dúvida alguma, mas que lança a UFPA num momento de turbulência em ano que já está exaustivo em função dos semestres acumulados pela greve. Acho muito interessante quando a universidade fornece quadros para a política. Há experiências boas e más nesse sentido, mas de qualquer forma isso é muito importante e saudável. Penso, igualmente, que o Prof. Maneschy tem condições muito boas para realizar uma disputa de alto nível e, sendo eleito, ser um excelente prefeito ou parlamentar – não estou ainda bem informado a respeito de qual cargo pretende disputar. Não obstante, em minha compreensão, não é correto submeter a agenda da UFPA à agenda de um projeto específico. A de

Leilão de Belo Monte adiado

No Valor Econômico de hoje, Márcio Zimmermann, secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, informa que o leilão das obras de Belo Monte, inicialmente previsto para 21 de dezembro, será adiado para o começo de 2010. A razão seria a demora na licença prévia, conferida pelo Ibama. Belo monte vai gerar 11,2 mil megawatts (MW) e começa a funcionar, parcialmente, em 2014.

Ariano Suassuna e os computadores

“ Dizem que eu não gosto de computadores. Eu digo que eles é que não gostam de mim. Querem ver? Fui escrever meu nome completo: Ariano Vilar Suassuna. O computador tem uma espécie de sistema que rejeita as palavras quando acha que elas estão erradas e sugere o que, no entender dele, computador, seria o certo   Pois bem, quando escrevi Ariano, ele aceitou normalmente. Quando eu escrevi Vilar, ele rejeitou e sugeriu que fosse substituída por Vilão. E quando eu escrevi Suassuna, não sei se pela quantidade de “s”, o computador rejeitou e substituiu por “Assassino”. Então, vejam, não sou eu que não gosto de computadores, eles é que não gostam de mim. ”