Por falta de tempo, não deu para comentar antes, mas acompanhei, pelo Blog do Jeso, a discussão sobre não haver cinemas em Santarém. Primeiro , o artigo de Evaldo Viana, que pode ser lido aqui. Depois os comentários ao artigo e a réplica do autor. Nessa réplica, Evaldo indagou se “é defensável ou não a manutenção pela prefeitura de um estabelecimento desta natureza”.
Permitam que eu entre na discussão, a partir dessa questão do Evaldo. Gostaria de dizer que penso que sim, é “defensável” o investimento público na manutenção de um cinema. O que deve determinar isso não é o fato de ser “defensável”, como diz Evaldo, mas sim o fato de ter ou não recursos para investir num projeto desses. E aí entramos na questão das prioridades da política cultural. Porque recursos há.
Por que manter um cinema em Santarém seria “defensável”? Porque a exibição de filmes é uma política cultural e, como tal, uma política social. Não é um luxo, como alguns podem pensar, mas algo que promove educação, bem estar, lazer e coesão social. Um investimento que traz grande retorno. E olhe que não estou me referindo, exclusivamente, a uma política de exibição de filmes “de arte”. Penso que o ideal seria ter uma linha de exibição que alternasse filmes comerciais, documentários, filmes “de arte”, brasileiros e infantis.
Se fosse possível que a prefeitura de Santarém investisse na manutenção de uma estrutura de projeção regular, preferencialmente em sala refrigerada, mas eventualmente ou paralelamente também ao ar livre, o município sairia da marca de estar entre os mais de 5.400 municípios brasileiro que não têm cinemas – número que representa 92% dos municípios do país. É um número muito duro. Que piora quando vemos que apenas 13% da população brasileira vão ao cinema com certa freqüência (ao menos uma vez ao mês).
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