Quando publiquei, aqui no blog, um artigo dizendo que o deputado Domingos Juvenil candidatava-se ao governo sob a motivação da vaidade, não quis dizer que não seja um “laranja” de JB, como alguns entenderam. As duas coisas não se excluem, apenas não considerei a questão sob esse lado. Mais precisamente, pelo lado da instrumentalidade dessa candidatura. Então, façamo-lo.
O anúncio de que o PMDB terá candidatura própria ao governo do Pará surpreendeu a muitos porque, nos dias anteriores, houve movimentos claros de recomposição com o PT. Ocorre que esses movimentos foram feitos pelo líder do partido, JB, muito pressionado pelo governo Federal e pelo PT para aceitar a recomposição.
No entanto, uma parte do partido, notadamente os deputados Priante e Parcifal, não aceitou a recomposição, criando uma dificuldade política para JB. Esse fato tem uma dimensão política maior. Veja-se bem: é um questionamento sobre uma questão maior do partido e, em o sendo, um questionamento sobre a autoridade do chefe.
Diante dele, como se viu, JB recuou na sua decisão de apoiar o PT diretamente. Isso é um fato nada desprezível, mas com foto obscurecido pelas análises em curso, muitas delas comprometidas com seu obscurecimento. Mas o fato há: JB recuou. São os idos do tempo.
Porém, recuou em direção ao meio termo: não o fez na direção que o setor mais radical do partido queria: sua própria candidatura ao governo ou a de Priante, candidato com densidade eleitoral.
Recuou na direção de Juvenil, candidato frágil, mas que aceitou o desafio, o sacrifício, a laranjada, porque vê-se em condições de enfrentamento. Por que Juvenil? Porque é uma candidatura que acalma o PT e o governo federal, pois Juvenil não PT como faria a outra banda do PMBD. Porque seria mais fácil convencê-lo ao papel.
É a maneira de JB encontrou para produzir sua jogada política mais clássica, a que melhor pratica: a construção de um efeito de inércia. No caso, o não apoiar apoiando, o não querer querendo.
Essa é minha opinião. Nesse sentido, concordo integralmente com o Bordalo. Há contra algumas teorias da conspiração: a de que favoreceria o PSDB indiretamente. Como já disse Bordalo, Juvenil concorre é com Jatene, e não com Ana Júlia.
Apesar do que dizem, os pmdbistas sabem que as chances de reeleição da governadora contam com o fator “máquina”. Também sabem que o racha Almir x Jatene enfraquece a candidatura deste último.
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