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Sobre a questão da violência no Pará. Indagações.

Houve um comentário bem interessante no post que fiz sobre os números da violência na "década demo-tucana"  (1996-2007), obtidos com base no Mapa da Violência - Anatomia dos Homicídios no Brasil, produzido pelo Instituto Zangari com dados do Sistema Único de Saúde (Datasus). Reproduzo-o abaixo:
Sim, conhecemos nossos problemas históricos e sabemos bem dar nome aos "bois", apontar os responsáveis por nossas mazelas sociais.
Mas, tratando-se de partido, questiono se o governo petista promoveu realmente uma ruptura com o modo de fazer política das outras legendas e/ou das gestões anteriores. 
As mudanças necessárias - aquelas de longo prazo que não rendem votos imediatos nem são tão atraentes nos jornais institucionais - foram e estão sendo feitas efetivamente a ponto de nos tranquilizar a respeito de melhora dos indicadores para os próximos anos ou décadas? Duvido muito.

Além disso, falar de comunicação que se pretende como marketing depois da sua saída do governo, tal como foi, parece brincadeira. De mau gosto.
Nos moldes atuais, o uso político de todo aparato técnico da Comunicação pelo governo não pode ser tratado lá como uma política pública de interesse social, que mereça ser tratada como um ponto a favor dessa gestão em detrimento da anterior. 
Ainda que os avanços existam em termos de profissionalização, há distorções entre o potencial que essas políticas teriam e a sua função atual.
Como apontou o Barbero numa entrevista ao Roda Viva há alguns anos, na América Latina vivemos uma crise que abarca não apenas a política, mas o político.
Vejo com ressalvas as críticas em relação ao modus operandi antigo, quando muito disso ainda se perpetua, independente de quem está no governo. Os nossos grupos políticos estão viciados e, do ponto de vista ético, certas alianças e coalizões inter e intrapartidárias são injustificáveis, sendo mais abusivos ainda os desdobramentos disso na realidade, no que tange o estabelecimento de políticas que afetam – ou deixam de afetar como deveriam – a vida do cidadão comum, acostumado a não tirar nenhum proveito e nem usufruir dos serviços e as benesses que deveriam ser públicos.
As elites econômicas são as mesmas e elas têm um poder enorme no cenário de tomada de decisões, mantendo-se como “posição” independente dos partidos que estejam no poder. Elas definem regras quem poucos ousam confrontar.
Agora, me diga, esse potencial de destruição da sociedade é privilégio de alguns partidos políticos ou resulta das distorções da política, do político, do público, as quais nos acostumamos a assistir e mesmo a pactuar, como se fossem “naturais” em nome da governabilidade e de supostos projetos de governo , sempre considerados transformadores, ao menos aos olhos de seus planejadores?
Por favor, me dê uma aula de Sociologia, Ciência Política ou mesmo uma bofetada (teórica, no caso), se for preciso e puder responder a essas questões que muito me angustiam, como cidadão e ser humano.
Respondo no próximo post. 

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