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Violência nos governos tucanos (4)

Trago da caixa de comentários para cá a resposta que foi dada, a minha réplica, sobre a questão da violência no Pará:

Obrigado por responder. Também considero os seus comentários e o próprio debate muito importantes.
Quanto ao segundo comentário, porém, ainda guardo algumas ressalvas em relação à seleção de prioridades políticas e de gastos públicos.
Acho que uma resposta melhor nos poderia ser dada pela avaliação (quanti e qualitativa) a respeito dos programas de governo. Com dados da própria Sepof (PPA e os programas de monitoramento de gastos e atividades, por exemplo), imagino que fique mais claro quais foram os programas e áreas priorizados, do ponto de vista de financeiro, e os que minguaram por falta de verba etc. Acredito que assim, teríamos condições de começar a entender se as escolhas foram estratégicas, do ponto de vista social, e avaliar se realmente começamos a suprir as carências imediatas nas mais diversas áreas.
Também seria interessante conhecer indicadores qualitativos usados pelo próprio governo para avaliar os programas implantados, – partindo, é claro, do pressuposto de que qualquer gestão responsável avalia constantemente os resultados de suas práticas, ainda que por meio do cumprimento de metas e das respostas imediatas que os órgãos obtêm no contato direto com a sociedade.
A partir daí, também seria possível elencar alguns critérios para entender o alcance e a efetividade das políticas de forma qualitativa. Porque, ainda que os números apresentem variações em termos estatísticos, é importante também analisar se os serviços prestados à população estão sendo ofertados e/ou mantidos com a qualidade necessária para promover mudanças, ainda que pequenas. Ousaria dizer mais: é preciso questionar os pressupostos (técnicos, políticos, ideológicos e até científicos) que fundamentam a definição do que é prioritário no programa de governo em questão.
Claro que, para isso, seria necessário não apenas a seleção de critérios e indicadores adequados (ou o menos tendenciosos possíveis, do ponto de vista político), mas também um grupo de profissionais de diferentes áreas, dispostos a dialogar e a se predispor a analisar um conjunto de dados disponíveis, a fim de ao menos iniciar ou ensaiar um começo de avaliação das políticas de governo implantadas no decorrer das últimas décadas, sendo possível inclusive usar como recorte de tempo os períodos das diferentes gestões partidárias.
Também concordo com o destaque que você dá ao papel da sociedade civil em relação ao poder público, em suas diferentes instâncias. Nesse sentido, é importante destacar o papel das universidades, centros de pesquisa, intelectuais, pesquisadores e profissionais de diferentes áreas, incluindo movimentos sociais, na configuração de instâncias coletivas observadoras dos impactos das políticas e ações de governo na realidade do estado.
Pode ser outro “flash” de utopia ou, quem sabe (por que não?), o começo de um processo a partir do qual a sociedade realmente comece a exercer o poder e controle que tem, para fazer valer um projeto de sociedade ou humanidade menos arriscado e pernicioso do que os que estão sendo praticados há séculos em uma perspectiva que vai além das nossas fronteiras regionais.
Desculpe manter-me no anonimato. Assumo a posição de alguém que jamais usaria essa condição para difamar alguém ou apresentar provocações que, de alguma forma, prejudiquem a imagem ou a condição de outro. Na condição de cidadão comum anônimo, sujeito a dúvidas, angústias e pesares como tantos e tantos outros, perdidos nessa “massa amorfa” de um triste projeto capitalista de sociedade, no qual ora nos debatemos ora nos conformamos , fico mais à vontade para manifestar as dúvidas e incertezas quanto ao presente que nos tira o sono e o futuro que nos aguarda.
Agradeço a sua atenção e a de seus leitores. E continuemos o debate...

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