Situação-problema: Um sujeito, ao seu lado, afirma que "houve mais corrupção no governo Lula do que no FHC".
Seu objetivo: Desfazer essa idéia com transparência, ética e usando dados reais. Sim, e dessa maneira convencer o sujeito a votar na Dilma.
O que você tem que fazer, passo a passo:
1. Primeiro deixe o cara falar. Ele vai falar sobre o mensalão, Correios, Erenice, Waldomiro Diniz e sanguessugas.
2. Agora você afirma que ele está certo, mas que é preciso lembrar de escândalos de corrupção que aconteram durante o governo dos tucanos: Sudam, Sudene, Anões do Orçamento, Sivam, etc.
3. Ele tende a concordar, mas antes que ele entre numa de medir escândalo e corrupção, vá logo dizendo o seguinte: “A corrupção é um problema da cultura brasileira, é um problema estrutural, cultural. Além disso, provavelmente, a maior parte da corrupção a gente não vê; o que aparece é só a ponta do iceberg”.
4. Ele vai gostar de ouvir isso e vai concordar com você. Se for uma alma da classe média bitolada, vai dizer a você a seguinte frase: “Todos são iguais” – ou variações dessa frase: “Político é tudo a mesma coisa”, “É tudo ladrão”, etc.
5. Perceba que não é bem isso que você quis dizer. Mas é o que ele entendeu. Bom, pelo menos já há um ponto em comum entre vocês. Tenha paciência e continue.
6. Acene com a cabeça afirmativamente ainda antes dele terminar sua explanação sobre “todos são iguais”, mas enquanto faz isso, diga ao sujeito o seguinte: “Olhe, já que esse fenômeno faz parte da cultura política, o que importa, na verdade, não é se houve mais ou menos corrupção, mas sim se houve maior ou menor esforço, do governo, para combate-la”.
7. Aqui você vai apresentar dados, comprovando a sua tese. Comece falando da Polícia Federal, um tema que atiça as pessoas. Diga que logo no começo do governo Lula foi feita uma limpeza no órgão. Lembre que até a revista Veja, que odia o PT, elogiou essa limpeza na própria capa.
8. Explique que foi essa limpeza que permitiu que a PF realizasse um monte de megaoperações contra corruptos, traficantes de drogas, máfias de lavagem de dinheiro, criminosos da Internet e do colarinho branco.
9. O sujeito está pronto para ouvir você. Você já foi conceitual, agora seja específico. Diga que só em 2009, foram realizadas 281 operações e 2.611 pessoas foram presas. Diga que, em 2003, quase 2 mil servidores públicos corruptos foram presos pela Polícia Federal.
10. Hora de matar. Pergunte se o sujeito sabe quantos corruptos foram presos durante os oito anos do governo FHC.
11. Dê um tempinho antes de responder. Curta este momento. Pronuncie claramente: trinta-e-dois.
12. Deve ter sido suficiente. Mas repita o raciocínio-base, para ficar claro. Corrupção sempre tem, o que importa de verdade é o quanto os governos se empenham para coibi-la.
Módulo reforço
Ah, mas pode ser que o sujeito não se dê por satisfeito... Iniciemos nosso módulo reforço:
1. Fale da Controladoria Geral da União. Se o cara, por acaso, lembrar que foi FHC quem criou esse órgão, rebata dizendo que os primeiros concursos para ele foram realizados somente em 2003, já no governo Lula.
2. Diga que a CGU é, hoje em dia, uma peça chave para o combate à corrupção. Graças ao seu trabalho quase 3 mil servidores corruptos já foram exonerados. Acrescente que a CGU é muito eficaz no combate ao nepotismo.
3. Use uma frase como “E não é só isso...” para passar a outro exemplo e cite o Portal da Transparência. Pergunte se o sujeito o conhece. Diga a seguinte frase: “Imagine só: em menos de 1 minuto você pode ver todos os gastos das autoridades da União”. Relemebre-o de que foi graças a esse Portal, que o mau uso dos cartões corporativos apareceu na imprensa e que quem teve que devolver dinheiro devolveu.
Dose para elefante:
Se o sujeito for realmente um chato e ainda não tiver se dado por satisfeito, você precisa de um gesto firme. Use as mãos. Não para bater. Controle-se. Você pode segurar firmemente no pulso do sujeito e dizer algo como “Deixa eu te interromper...”. Ele vai ficar surpreso. Você pode avançar. Fale que o Decreto contra o nepotismo foi criado por Lula. Fale do TCU como órgão de controle e do papel corajoso do Procurador Geral da República no governo Lula. Relembre que o PGR do governo FHC foi apelidado de “Engavetador Geral da República”.
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