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A entrevista do Chico Cavalcante

Cheguei hoje de manhã na universidade e encontrei um grupo de alunos conversando sobre a entrevista de Chico Cavalcante publicada no Diário do Pará de ontem. De fato, foi uma entrevista antológica. Chico foi fundo no ponto, inventariando os erros de comunicação que derrotaram a candidatura Ana Júlia:

  1. Insistir na tese do desenvolvimento estadual como eixo único da campanha.
  2. Posicionar erradamente a imagem da candidata.
  3. Fugir do confronto.
E  essa comunicação política ineficaz somou-se a má engenharia política sobre a qual já muito se falou. Nos corredores da Faculdade de Comunicação, também lá, a campanha foi muito criticada, tanto por alunos com alguma convicção ou militância política – e não necessariamente no PT – como pelos demais. Porém, a entrevista do Chico qualificou o debate e possibilitou novas posições e idéias. 

Pelo que percebi, na avaliação de alguns alunos com os quais dialoguei mais, durante o processo eleitoral, a principal percepção crítica se dava no campo do posicionamento da marca da candidata. Sempre foi consensual que a campanha “não tinha a cara do PT”. A campanha de Paulo Rocha, principalmente, foi criticada – e por essas mesmas razões.

É oportuno discutir os erros de comunicação do governo e da campanha, sobretudo para evidenciar que há erros da política que muitos gostariam de atribuir à comunicação – embora possa haver, naturalmente, problemas de comunicação governamental e pública – e erros da comunicação política, ou eleitoral, especificamente.

Comentários

Anônimo disse…
Oi Fábio, achei a entrevista do Chico certeira. Deixei um comentário no Diário sobre isso. Só esqueci de acrescentar lá que há uma parcela de responsabilidade da estrutura diretiva do PT que poderia, aos primeiros sinais do naufrágio, ter convocado os fóruns partidários para discutir o peso diretivo e os rumos da parcela hegemônica do próprio PT no arco de governo. Falta de aviso não foi. Contudo, é bom lembrar que o navio repousa entre os as pedras do perau em que soçobramos. Não podemos dizer que estamos perplexos na praia, nem atônitos diante de tantas certezas das nossas avaliações prévias. Há que se reconhecer que o oponente armou-se de planejamento estratégico, coisa que muitos dos nossos não reconhecem e auto-suficientes torcem o nariz. Agora é apenas a hora de olhar o umbigo e refazer os caminhos que restaram por inventar. PAULO UCHOA
hupomnemata disse…
Caríssimo Paulo,
Nunca houve falta de aviso. Em nenhum momento, do governo ou da campanha. O que sempre houve foi falha na análise de situação. E, concordo: essa falha se deveu, em grande parte, à ausência de um planejamento estratégico, sobretudo na campanha. Abraço grande.

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