Marcos Coimbra, presidente do Instituto Vox Populi, escreveu, no Correio Brasiliense, o seguinte: “Para entender a eleição de Dilma, é preciso evitar três erros, muito comuns na versão que as oposições (seja por meio de suas lideranças políticas, seja por seus jornalistas ou intelectuais) formularam a respeito da candidatura do PT desde quando foi lançada”. Seriam os seguites esses três erros:
O “economicismo” – Ou seja, dizer que os eleitores, satisfeitos com a economia e sem pensar em mais nada, votaram em Dilma “com o bolso”. Coimbra observa que o voto não foi unidimensional, também pesaram a cabeça e o coração.
A “segmentação” – A suposição de que o eleitorado brasileiro está segmentado por clivagens regionais e de classe. É a tese de que os pobres, analfabetos, moradores de cidades pequenas, de estados atrasados, votaram em Dilma, enquanto ricos, educados, moradores de cidades grandes e de estados modernos, em Serra. Da mesma forma, nem Dilma foi “eleita pelos pobres” e nem Serra era o “candidato dos ricos”. Ambos tinham eleitores em todos os segmentos socioeconômicos, embora pudessem ter presenças maiores em alguns do que em outros.
O “paternalismo” – O terceiro erro é interpretar a vitória de Dilma como decorrência do “paternalismo” e do “assistencialismo”. Tipicamente, como pensam alguns, como fruto do Bolsa Família. As pesquisas mostraram que Dilma tinha, proporcionalmente, mais votos que Serra entre os beneficiários do programa, mas apenas um pouco mais que seu oponente.
A conclusão de Marcos Coimbra ensina muito sobre análise eleitoral: “Os três erros têm o mesmo fundamento: uma profunda desconfiança na capacidade do povo. É o velho preconceito de que o “povo não sabe votar” que está por trás do reducionismo de quem acha que foi a barriga cheia que elegeu Dilma. Ou do argumento de que foram o atraso e a ignorância da maioria que fizeram com que ela vencesse. Ou de quem supõe que a pessoa que recebe o benefício de um programa público se escraviza”.
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