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Ipea deverá dizer, outra vez, que divisão do Pará é inviável

A contratação do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) - fundação pública ligada à Presidência da República - pelo Governo do Pará, para realizar estudo sobre a viabilidade econômica da divisão do estado, é um passo importante para o debate sobre o assunto. O IPEA é um instituição ilibada. Porém, o resultado é previsível, e decorre do bom senso. É que o IPEA já desenvolveu uma metodologia de análise dessa demanda e também já realizou um estudo semelhante, anos atrás, o famoso estudo Boueri. Nesses estudo, ficou demonstrado que a criação do Tapajós e do Carajás é inviável.

Muitos de nós, paraenses, podemos desejar a divisão, mas o ônus que ela causaria seria desastroso. E essa é a pura verdade.

O estudo demonstra que o Tapajós, se criado, gastaria, para sua manutenção, R$ 1,4 bilhão anuais, o que corresponderia a 39% do seu PIB. E que Carajás, por sua vez, gastaria R$ 1,8 bilhão anual com manutenção administrativa, o correspondente a 22,5% do PIB estimado para o novo estado - e isso se levasse junto Tucuruí, que o bom senso indica que deveria ficar com o Pará.  Do jeito que está, o Pará gasta menos de 17% do seu PIB, um nível relativamente adequado para as contas públicas, mas que, considerando o peso da extração mineral na formação do PIB paraense, é alto - e deveria recuar para, pelo menos, 14%. 

Isso significa dizer que algumas contas que são pagas, hoje, uma só vez, passariam a ser pagas três vezes...

E isso sem falar nos repasses extraordinários da União - necessários para a instalação dos novos estados, o qual seria superior, possivelmente, a R$ 10 bilhões - e, sobretudo, nos repasses permanentes da União, necessários para manter a burocracia dos novos estados em marcha.

Ah, e sem falar no custo da corrupção, já que as novas unidades administrativas - demonstra a história recente do país - engendram verdadeiros sistemas de patrimonialização privada do dinheiro público. O grande exemplo disso é o Amapá, que teve governador, vice, prefeito da capital, secretários de estados, deputados e juízes presos pela Polícia Federal, recentemente.

Comentários

Olá professor, moro em Marabá já faz três anos e desde que cheguei só se fala nisso, claro que é um “sonho”, se realmente fosse viável estaria de acordo, pois adotei esta cidade como minha casa, mas se os dados forem verdadeiros não há o que se discutir, não podemos "dar tiros no escuro", por ganância de empresários locais que nem se quer às vezes tem um planejamento somente com ideologias audaciosas pensando no próprio bolso.
Unknown disse…
Para restabelecer a verdade dos fatos, gostaríamos de esclarecer que o estudo que será realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) sobre os virtuais impactos da divisão territorial do Pará na economia e nas finanças dos governos estadual e federal, caso fossem criados os estados de Carajás e do Tapajós, não será custeado pelo Governo do Estado do Pará.

Quem pagará a conta de R$ 1 milhão pelo trabalho do Ipea será o próprio Governo Federal. O deputado federal Zenaldo Coutinho (PSDB), atual chefe da Casa Civil do governo do Pará, foi apenas o autor da emenda - apresentada ainda no ano passado - que propôs a realização da análise.

Secretaria de Estado de Comunicação - Secom

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