Os egípicios somam-se, há dois dias, nas suas ruas. Líderes de oposição aclamam o exemplo tunisiano. Será que não há, por aí, uma novidade?
Há dois dias percorro os jornais brasileiros e ninguém comenta a possibilidade de haver uma conexão entre os dois acontecimentos. Como sempre, se fala pouco sobre certos países – os africanos sobretudo.
Mas algo muito importante está acontecendo por lá. Depois da queda do presidente tunisiano Zine El-Abidine Ben Ali no dia 14 de janeiro, todos os países mediterrâneos da África e do Levante parecem estar agitados: Líbano, Marrocos e Egito centralmente.
Lá, os protestos começaram na segunda-feira. Na terça pela manhã o governo mobilizou entre 20.000 e 30.000 policiais e cercou prédios públicos.
Porém, a cada dia, mais e mais pessoas deixam de trabalhar e estudar para ir às ruas. Em alguns lugares surgem protestos e em outras, as pessoas apenas caminham, silenciosas, como se estivessem aguardando a ordem para começar uma rebelião.
Mais e mais pessoas. Um grupo no Facebook (este aqui) agregou, só no dia de ontem, 83.000 seguidores.
O opositor Mohamed El Baradei, exprimiu, na sua página no Facebook seu apoio à "chamada a manifestar contra a repressão" e denunciou "as ameaças de usar a força diante de um povo que faz tremer o regime”
Por hora, são protestos da sociedade civil, convocados basicamente por meio das redes sociais. Nem o poderoso movimento dos Irmãos Mulssumanos e nem o principal partido da oposição laica, o Wafd, ambos com grande poder de mobilização social e, ambos, de oposição ao regime, convocaram seus militantes para as ruas.
É meio difícil entender o Egito. É uma ditadura que se esforça por disfarçar essa condição, permitindo certas liberdades que não são toleradas em outros países mulssumanos. Ao jornal Le Monde, Diaa Rachwan, pesquisador do Centro de Estudos Estratégicos de d'Al-Ahram, do Cairo, afirmou que o país vive “sob uma ditadura sutil, que alia um aparelho de segurança potente com espaços de liberdade controlados, que permitem a evacuação da exasperação popular”.
Tal como a Tunísia, atravessa uma conjuntura econômica delicada e enfrente um crescente descontentamento popular e lembremos que no dia 6 de abril 2008, uma greve geral resultou em conflitos graves no país.
O regime politico egípcio é dominada, há quase 30 anos, pelo presidente Hosni Moubarak, hoje com 82 anos e saúde debilitada. Sua sucessão está no âmago da disputa surda entre seu filho Gamal, de 47 anos, candidato dos meios emptresariais do país, e a velha gurada, apoiada pelos militares.
A oposição ao governo tem, no Egito, uma margem de liberdade bem maior que tinha na Tunísia, e por tudo isso é possível comparações.
Comentários