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Divisão do Pará: A necessidade de envolver a sociedade no debate


Deu para perceber que uma percepção clara a respeito da divisão do Pará é que só quem debate o assunto são políticos e empresários que têm interesse direto no processo. Os leitores do blog, que representam, pelo que percebo, uma parcela crítica e atenta da sociedade, consideram que é vital, para o futuro do estado, que o debate sobre a divisão seja popularizado, e que todos possam ouvir os argumentos dos dois lados. 
Os números e dados que publiquei no artigo não estão presentes no debate promovido pelo defensores da criação dos novos estados; então acrescentam à discussão elementos que haviam sido omitidos. Por isso, há uma desconfiança imensa em relação à fala dos políticos, mesmo nos espaços geográficos nos quais os novos estados são propostos.
Há também um clamor por informação de qualidade. Sem informação, não há debate público. Esse percepção traduz a opinião em geral negativa que leitores do blog têm da imprensa local. Foi recorrente o tema de que os jornais não trazem informação sobre o assunto.
Reproduzo alguns comentários dos leitores do blog a respeito desse tema:
“Se a sociedade não entrar no debate pra valer vai se ver prejudica por esses interesses. Por isso, em minha opinião, os blogs têm uma missão histórica neste momento; apesar de que nem todos têm acesso a eles, é o espaço possível que temos para fazer esse debate” Estela Guimarães.
“O problema é que tem muita gente que não está preocupado com isto, principalmente com os custos. Lembro de um amigo em comum comentar comigo que o dinheiro do Estado não era de ninguém...” Anônimo 1
“Eu queria saber uma coisa: cadê a Assembléia Legislativa do Estado, que não discute esse assunto?” Anônimo 3.
“Essa discussão é muito importante. Precisamos estimular o debate. Não dá para dividir só por dividir, a qualquer custo. Temos que ter consciência de que qualquer medida tomada nesse sentido vai gerar consequências que irão demorar anos para serem desfeitas, ou superadas”. César Batista Monteiro
“A sociedade precisa de informação a respeito e essa informação não está disponível nem nos jornais, nem no que falam os políticos, nem na universidade, enfim, parece que todo mundo tem medo de discutir o assunto”. Anônimo 7.
“Gostaria de registrar que seu post (…) é altamente significativo para o debate sobre o futuro do nosso Pará” Anônimo 8.
“Tenho 57 anos e estou muito cansado de tantas falas corrompidas, sobre os mais diversos assuntos e, inclusive, sobre este. Não acredito na imprensa, e nem nos partidos, se é para engrossar o caldo dessa discussão. Você trouxe uma informação ponderada sobre a questão. Agradeço de coração. Enfim me senti informado sobre o assunto e posso perceber que não há sentido algum na divisão do estado do Pará. 
Um paraense!” Anônimo 8.
“Tive impressão de que é a primeira vez que se trata desse assunto de verdade. Aliás, o debate que está acontecendo aqui nos comentários é prova disso”. Anônimo 7.
 Minha resposta:
Concordo integralmente: o assunto é muito importante, e o debate não deve ser cerceado pelo interesse ou pelo desejo de alguns poucos políticos, empresas e órgãos de imprensa. Também concordo a respeito de sua colocação de que o debate tem que ser feito da maneira mais ampla possível, pois o assunto diz respeito a todos os paraenses e a todos os brasileiros, posto que a conta vai ser paga por todos. E uma conta altíssima, diga-se de passagem.

 
Também destaco o papel dos blogs nesse processo. Apesar de não ser uma mídia de massa, é um instrumento poderoso para catalizar o debate público. A despeito da baixa inclusão digital do paraense, a internet tem sido um instrumento aliado para a ampliação e o destaque de certas questões.
Em síntese: está na hora de popularizar o debate. A imprensa tem que fazer o seu papel. Mas a sociedade civil também.

Comentários

Manuel Dutra disse…
Caro Fábio,
a respeito da carta de Charles Trocate, sobre a proposta de divisão político-administrativa e territorial do Pará, sugiro, modestamente, a leitura do meu livro "O Pará Dividido: discurso econstrução do Estado do Tapajós". O livro está esgotado, mas é possível encontrá-lo nas bibliotecas da UFPA e do NAEA, ou nos maiores sebos virtuais. Sugiro começar a leitura pelo capítulo intitulado "Elites: atualização e refinamentos" e retornar para os capítulos "Momentos históricos de uma aspiração contemporânea" e "Região e regionalismo".
Um abraço, Manuel Dutra
hupomnemata disse…
Amigo Dutra,
Obrigado pela dica, verei com certeza. E obrigado tb pela visita.
Anônimo disse…
Envolver a sociedade é fundamental, mas como? Como fazer isso se os meios de comunicação desinformam, se o debate político e mesmo a posição dos partidos está ideologicamente contaminada pelos interesses eleitoreiros e se os espaços da sociedade que poderiam fazer um debate sério, como o Ministério Público e a universidade federal fogem ao tema?

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