Reproduzo postagem do José Maria Piteira sobre crime de preconceito do prefeito de Manaus contra uma mulher, porque ela é paraense:
Há cerca de três ano, um homem foi morto por um amazonense, em Manaus, em meio a um conflito, pelo simples fato de se identificar como paraense. Hoje, imagens veiculadas por emissora afiliada da Rede Globo de Televisão, em Manaus, mostram o prefeito da cidade, Amazonino Mendes (PTB) em ato de pura discriminação a uma paraense moradora de uma área de risco. Em ambos os casos, manifestações deploráveis e cretinas de preconceito a paraenses.
Na cena de hoje, o prefeito manauara discute com uma moradora de comunidade onde morreram uma mulher e duas crianças foram soterradas sob um barranco. Retrucando o prefeito, que afirmou que eles estavam morando em área de risco, a moradora afirmou que "a gente está aqui porque não tem condição de ter uma moradia digna". O prefeito respondeu: "Minha filha, então morra, morra". Naquele momento, ele perguntou de onde ela era, ao que respondeu que era paraense. De pronto, com desdém e encerrando a conversa, ele gruniu: "Então pronto, está explicado". E isso tudo ao vivo, na íntegra, em jornal da TV Amazonas.
Sou mocorongo, natural de Santarém, e, desde minha mais tenra idade, ouço histórias de discriminação sofridas por paraenses na cidade de Manaus.Com a implantação da Zona Franca de Manaus (ZFM), em 1967, milhares de paraenses do Oeste migraram para a capital amazonense em busca de emprego e educação superior. Hoje, cerca de 450 mil paraenses moram em Manaus, a maioria das cidades de Santarém, Óbidos, Monte Alegre e Oriximiná, entre outras.
A ZFM foi criada em 1967, com o objetivo de estimular a industrialização da cidade e sua área adjacente, como parte de uma estratégia dos governos militares para ocupar e desenvolver a Amazônia.
Tenho familiares morando em Manaus, além de outros parentes e antigos vizinhos de Santarém. Conheço outras dezenas de montealegrenses que também se mudaram para aquela cidade buscando novas e melhores oportunidades.
Não é comum ouvir histórias malsucedidas de paraenses. Relatos de conhecidos que moram em Manaus informam que nossos conterrâneos têm sido competitivos na busca e na disputa de vagas no mercado de trabalho local, desde o início da ZFM. E viria daí, da melhor competitividade dos paraenses no mercado de trabalho, as atitudes beligerantes de preconceito.
Essa é uma atitude absurda, inaceitável, detestável, deplorável, que se torna ainda mais preocupante quando assumida por um agente do Poder Público, ao vivo em um canal de televisão, o que torna o preconceito, dissimulado para a maioria, em manifestação pública com cara oficial.
É uma atitude que não merece apenas o nosso repúdio - e não apenas de nós, paraenses, mas de todos os brasileiros, inclusive da maioria dos amazonenses -, mas também providências do Ministério Público, da OAB, de entidades de defesa dos direitos humanos, entre outros.
Quando um cidadão comum é flagrado cometendo crime tão asqueroso, é denunciado, preso e responde a processo.
O que vai acontecer com o senhor Amazonino Mendes?
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