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As lições de Tasso Genro


No site Aldeia Gaulesa encontro uma interessante leitura dos 100 dias do governo de Tasso Genro, do PT, no Rio Grande do Sul. Lições a aprender:
Os primeiros cem dias do governador gaúcho Tarso Genro vem revelando um governo que busca ser diferente de todos os que o antecederam. Primeiro, porque Tarso não se mostra disposto a nenhuma guinada nos rumos do Estado e parece estar guiado por uma espécie de bom senso de esquerda. Segundo porque, pacientemente, o novo governo está construindo um plano estratégico que, se der certo, pode reencetar a presença gaúcha no cenário político nacional.
O início do governo gaúcho está sendo bem diferente do da presidenta Dilma. Enquanto esta se vê obrigada a administrar uma reação termidoriana, fruto dos acordos e “preços” de um segundo turno selvagem, e da correlação de forças nacional menos favorável, Tarso está sendo constrangido a fazer o oposto. No Rio Grande do Sul de 2011 não se trata de conter e/ou atender pressões oriundas do campo conservador. Ao contrário, o problema de Tarso é ter pouco dinheiro em caixa para satisfazer o apetite dos movimentos sociais.
Grosso modo, enquanto Dilma corta no andar de baixo para atender o andar de cima, Tarso deverá cortar no andar de cima para atender o de baixo.
Nesta última semana, por exemplo, diante das pressões por aumentos salariais anunciadas pelo funcionalismo, o governador divulgou a necessidade de preparar cortes. Com uma receita que quase não cobre as despesas, Tarso precisa conseguir uma equação que permita atender as expectativas da sociedade. Entre elas, melhorar a educação e a segurança e, dentro disso, resolver o problema salarial dos professores e brigadianos.
Criativo, Tarso tem sinalizado em dois sentidos. De um lado, diz aos que ganham menos que hoje não pode atender toda a sua demanda. De outro, anunciou que pretende fixar um teto para o funcionalismo que não ultrapasse os 17 mil reais que ganha o governador.
Até bem pouco, a declaração de uma intenção como essa seria suficiente para que amplos setores (da mídia, dos altos escalões do poder público etc) crucificassem seu autor. Agora, apenas o Judiciário veio a público dizer-se amparado por decisões nacionais para manter salários maiores que o do governador…. Como Tarso foi eleito no primeiro turno, desobrigado de alianças e compromissos constrangedores, ele goza de um grau de liberdade muito maior que qualquer de seus antecessores, e maior, também, que o de Dilma em nível nacional.
No Rio Grande do Sul, o drama salarial do funcionalismo não é um problema secundário. A relação com os servidores, em particular com os professores, esteve no centro da derrota de todos governos até agora em suas pretensões de reeleição. Se quiser viabilizar seu projeto, Tarso vai precisar desatar o nó da recomposição salarial combinado com o da retomada do crescimento econômico do Estado.
O CPERS vem cobrando de Tarso a aplicação imediata do piso salarial nacional. Na visão do Sindicato, piso é o salário básico do plano de carreira dos professores gaúchos, sobre o qual incidem adicionais e gratificações. Hoje, o professor gaúcho recebe o básico de R$ 356,62 por 20 horas de trabalho semanal, enquanto o piso nacional é de R$ 593,54.
Tarso em campanha comprometeu-se com o piso nacional. Confrontado com as finanças precarizadas herdadas de Yeda Crusius, o governo tem dito que esta meta é para ser atingida ao longo do mandato. A presidente do CPERS, Rejane Oliveira, ressalta que Tarso nunca disse que o piso não seria pago agora. “Se o governo não vai atender isso, que faça uma contra-proposta.”
É essa contra-proposta, a ser apresentada ao CPERS até esta quarta feira, dia 16, que deverá ser analisada em assembleia geral dos professores dia 08 de abril. 
Talvez não por acaso, os primeiros cem dias de Tarso se encerram quase na mesma data, dois dias depois, no dia 10 de abril.

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