Intrigante (e divertido) é perceber o que, de Heidegger, não há em Benedito Nunes. Essa diferença, acho, tem um núcleo: a zona de modernidade à qual pertencem. Mas é preciso um ponto de referência para falar sobre isso, e esse ponto é um objeto, uma tese, que pode servir para relativizar a distância de cada um em relação ao modermo: a idéia de Geltung, validade, de Husserl.
A modernidade de Heidegger é traída e ressentida. É uma modernidade que matou seus deuses e que não oferece sobras a ninguém.
A modernidade de BN, por sua vez, já fez o luto de si mesma e já está resignada.
Para vencer a sua batalha – que era de natureza cristã – a validade de Heidegger era medieval, nominalista (e cristã): supratemporal. A de Benedito tem certa crença no tempo cíclico, certo realismo fantástico que, talvez, decorra de sua vivência amazônica (mas só talvez, afinal a condição amazônica, paraense, é a coisa imponderável de BN).
A Heidegger é Deus que lhe parece um problema desnecessário e inconcebível.
A BN é o crer, sabe-se lá se em Deus, se no mito, se na “razão” do poema que lhe parece inútil.
Ainda sobre Benedito Nunes:
Ainda sobre Benedito Nunes:
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