Estava pensando aqui: todos sabemos, porque Maquiavel nos ensinou, que a política possui uma moral própria, e que aqueles que tentam fugir dessa "moral própria", condicionante para a participação no jogo político, será dele expulso, mais cedo ou mais tarde.
Quanto a isso, creiam, não há lá um grande problema. É assunto mastigado por séculos de filosofia política e por toda a ciência política. Ocorre que isso é uma coisa, e outra coisa é a pseudopolítica que, em nome dessa lei geral, se faz.
Por pseudopolítica lá entendamos o falso moralismo, a apropriação recodificada dos símbolos da "ética" (exempla gratia: minha amiga Edilza Fontes estampar no topo do seu blog o código de ética do PT, qual um brasão feudal, a adornar seu personagem público), a confusão entre política de comunicação e marketing, os falsos debates, falsas polêmicas e falsos estigmas que se faz, acho que para matar o tempo, nas assembléias e câmaras da vida e a superficialidade abismal na tez discursiva, nos projetos, nas reflexões públicas do debate.
Essa pseudopolítica é, na prática, uma ideopolítica, no sentido de política que remete somente à forma, e não ao conteúdo.
Uma política jorjada com os mesmos princípios do neopetecostalismo (na Argentina, chamado ideopentecostalismo) que grassa no Brasil - e que nada tem a haver com o pentecostalismo clássico, com o protestantismo e com o evangelismo de algumas igrejas - vejam só, por exemplo, por meio de dois de seus mitos centrais: certa “Teologia da Prosperidade” e a prática da "Divinização dos líderes".
Pela primeira, se compreenda a proclamação a valorização e o acúmulo de benefícios materiais, como condição para uma vida física e plena. Pela segunda, se compreenda a crença de que os políticos são uns “ungidos do Senhor”, capazes de uma representação social maior que a da pessoa em si, reduzida à triste condiução do eleitor, um pobre de Deus, um parvo humilde.
São coisas arcaicas que modelam nossa política, e há quase todos que disso se aproveitam. A ideopolítica paraense é a coisa mais triste. É decepcionante. É como se tivessem lido Maquiavel (e não o leram) e tivessem compreendido uma outra coisa. Que coisa mais chata! Vou voltar para minha pesquisa, para não morrer de tédio. Bom feriado.
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