A Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal, realizou ontem, em Belém, uma audiência pública para discutir os impactos sociais, ambientais e humanos da obra da hidrelétrica de Belo Monte. O resultado tem um corpo simbólico: a audiência pública manifestou apoio à decisão da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da Organização dos Estados Americanos (OEA) de solicitar ao governo brasileiro a suspensão imediata do processo de licenciamento da obra.
No mesmo dia, Gilberto Carvalho afirmou que o “Governo não abrirá mão de Belo Monte”. A arrogância do Governo Federal, nesse caso, está beirando o cinismo. Pode ele estar certo, com os dados que não tem, com a precariedade dos elementos que reuniu, de que Belo Monte não constituirá um desastre ambiental, social e cultural?
Não, não pode, e por isso deveria recuar e promover mais estudos. Estudos mais sérios e profundos. Eventualmente, deveria desistir do projeto.
Penso que todos os paraenses e que todos os amazônidas deveriam se posicionar a respeito de Belo Monte.
Tem gente que não se manifesta porque é do PT ou da base de apoio do Governo Federal, bem como tem gente que é contra Belo Monte, simplesmente, por uma questão de disputa partidária. Porém, é tão grave a questão, que Belo Monte deveria estar acima dos interesses e das simpatias políticas.
Pois bem, eu sou do PT e não vejo problemas em colocar minha opinião de que, embora julgando necessário o aproveitamento do rio Xingu para a geração de energia, penso que Belo Monte, mesmo com o que o projeto tem de arrojado, é um equívoco.
O Ministério Público Federal já ajuizou dez ações contra a obra. Entidades da sociedade civil e especialistas, todos sérios e competentes, também já se posicionaram contra o projeto. A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da Organização dos Estados Americanos (OEA) já denunciou a obra... É pouco para ter dúvidas?
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