Semanas após o incidente em Antares/Fukushima, gostaria de colocar como compreendi o que se me disse a respeito.
A questão central é que o debate sobre a energia nuclear deveria ser recolocado, em termos mais racionais, democráticos e justos. Penso que é preciso reconhecer que esse tipo de energia é um bem público mundial, em função de que seus riscos nunca são exclusivamente nacionais e que, em função disso, exige uma gestão transnacional e responsável.
Recolocar o debate significa, a meu ver, indagar sobre as seguintes questões:
- É verdade que a sociedade contemporânea poderia dispensar o uso da energia nuclear, tal como dizem alguns?
- É verdade que o desenvolvimento do nuclear para fins não militares seria sustentável, porque contribui para limitar o aquecimento do planeta pelo efeito estufa, tal como dizem outros?
Acompanhando a opinião pública qualificada, parece que a resposta a essas duas perguntas é não, o que tem um efeito contraditório, mas real.
Em relação à primeira questão, é preciso constatar o real papel do nuclear na economia da Europa e dos EUA. Só na França, o pais mais nuclearizado do mundo, essa energia é responsável por 16% do consumo final de energia. Como, realmente, substituir a matriz?
O país indica que, se fosse substituí-la pela produção de energia à gás, suas emissões de gazes nocivos, que provocam o efeito estufa, subiriam de 15 a 20%.
Por outro lado, a Agência Internacional de Energia afirma que, seguindo seu ritmo atual de desenvolvimento, e energia nuclear reduziria as emissões mundiais de CO2, em 2050, a exíguos 6%, em relação à situação atual, enquanto que políticas sérias de economia de energia teriam condições de reduzir, nesse mesmo ano, cerca de 54% das emissões de CO2 e a substituição do nuclear por energia eólica poderia reduzir as emissões, no mesmo horizonte, em 21% do nível atual.
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