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Conduta vergonhosa: mudar o nome da travessa Apinagés para Jerônimo Rodrigues é uma ofensa à memória da cidade e à dignidade do pretenso homenageado

Reproduzo artigo de Franssinete Florenzano, publicado há pouco no seu blog, o Uruá Tapera, denunciando esse absurdo que é mudar o nome da Travessa Apinagés para Jerônimo Rodrigues. Com o devido respeito ao pretenso homenageado, essa mudança é uma ofensa, aos paraenses. Concordo plenamente com a Franssinete e acho que a sociedade civil deveria fazer barulho para reverter o acontecido. Sugiro à família do homenageado que decline da homenagem - na verdade uma reles puxasaquice desse imbecil completo que o vereador Gervásio Morgado. O cidadão Jerônimo Rodrigues tem uma memória honrada a zelar e isso se faz zelando pela história comum a todos, comum, também, a si. Renunciar a essa falsa homenagem é uma questão de dignidade.


Conduta vergonhosa

Franssinete Florenzano

A Travessa Apinagés - como há mais de século era chamada aquela artéria do bairro do Jurunas, em Belém do Pará - virou Travessa Jerônimo Rodrigues, que é o nome, vejam só, do fundador do grupo supermercadista Líder.

E sabem de quem foi a indecente iniciativa? Do quase ex-vereador Gervásio Morgado, claro. Quem mais haveria de jogar no lixo a nossa memória histórico-cultural, a fim de bajular alguém cuja família lhe interessa agradar? Ah, mas também não devemos esquecer que, para tal aberração ser aprovada, houve o consórcio de outros vereadores que mostraram o quanto desprezam os bravos antepassados parauaras. A maioria votou a favor, e o prefeito CO2 sancionou. Confirmam assim que merecem ser enxotados todos da vida pública ano que vem, através das urnas.

Extirparam a homenagem que a capital do Estado prestava aos diversos grupos indígenas que foram a base étnica - misturada depois com europeus, africanos, asiáticos - formadora da nossa população.

A nação jurunense é um dos poucos bairros de Belém que têm uma identidade tão própria, forjada no nascer-morar-viver-morrer no meio dos Munduruku, Pariki, Apinayé, Karipuna, Tamoyo, Timbira, Tupinambá...

Usurparam o direito cidadão de consulta sobre mudança tão despropositada, espoliaram a identidade indígena de quem nasceu e se criou no local.

Admiro-me da família do homenageado em aceitar essa vergonhosa permuta. Daria grande demonstração de dignidade e paraensismo se recusasse a troca e exigisse o retorno da antiga denominação.

Quem quiser ficar calado e se omitir, que não reclame depois. Eu jamais desistirei de denunciar esse comportamento vergonhoso dos que têm obrigação de respeitar e preservar a nossa História. Além desta e de todas as tribunas que me forem acessíveis, irei às ruas, ano que vem, alertar para o perigo que esses indivíduos representam com mandato. Vendilhões da Democracia, execradores da História, estelionatários eleitorais. Que sumam da vida pública.


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