“Qual é o problema, afinal?” – pergunto, por meio da caixa de diálogo do Facebook, a um amigo petista que me confidenciava suas angustias políticas mais profundas.
“O PT precisa sair com o Edmilson, porque vai perder de qualquer jeito em 2012. Então, o melhor a fazer é coligar. Apoiar o Psol, garantir cargos para ganhar força e poder voltar em 2014”.
“Olha, vou te dar minha impressão pessoal: acho que o PT precisa reconstruir sua postura combativa, porque política é imagem e essa é a imagem do PT. Acho que essa é a tarefa número um do momento. Apoiar o Edmilson não ajuda a definir claramente essa posição”.
O amigo discorda de mim. Menciona a falta de quadros, dentre os eventuais candidatos, que possa se associar, com facilidade, a essa imagem combativa e tergiversa sobre a imagem pública do Edmilson.
Ato contínuo, percebendo que outro companheiro petista também está “on line”, abro uma caixa de dialogo para ele para transferir a pergunta:
“Ei, fulano, tu achas que o PT deve apoiar o Edmilson? Como avalias essa questão?”
Fulano, sujeito sábio e hábil, me responde rapidamente:
“Olha, Fábio, a candidatura do Edmilson é o tipo de candidatura que serve mais ao PSDB do que à esquerda. Aliás, é o tipo de candidatura que o PSDB adora, porque ela funciona como um cavalo de tróia dentro do PT: muitos petistas ficam tentados a apoiá-la, com o efeito de que o PT se divide e, consequentemente, se enfraquece”.
Concordo com ele. Com todo respeito pela candidatura do PSOL, penso que é fundamental, ao PT, uma candidatura concorrencial. Num campo de batalha só se recua diante da decomposição de forças ou de ameaça de derrota irreveersível – o que, certamente, não é o caso. O PT tem uma posição favorável, não cabe abrir mão dela.
Comentários
sendo pragmático, existem alguns fatores que colocam o PT em posição privilegiada para o pleito de 2012. O primeiro deles: tempo de televisão - no caso, o maior deles. Qualquer exame rápido do que ocorreu nas eleições de 2008 leva, inexoravelmente, à constatação de que tempo de televisão é uma variável de alta relevância nos desdobramentos de uma eleição. Só o PT já garante um tempo razoável ao seu candidato, o que deve ser ampliado pelos outros partidos da coligação. (A propósito, é por isso mesmo que eu aposto que o Edmilson começa bem a disputa, mas definha com seu decorrer.)
O PT tem ainda patrimônios como a presidência da república, e o ex-presidente Lula. A militância petista é provavelmente o maior trunfo da legenda. E não há nada que atue contra um nome próprio, no caso de Belém. Em BH, por exemplo, o vice é petista, e há proximidade entre o Ministro Pimentel e o prefeito, do PSB. Márcio Lacerda pode ser um apoio importante em 2014 para o PT. Vejamos o Rio: Paes é franco favorito à reeleição, uma candidatura própria seria temerária. O apoio a outras legendas, nestes casos, revela-se estratégico e coerente.
Em Belém, absolutamente, não há qualquer motivo para o PT não ter seu nome. Dentre os possíveis candidatos à prefeitura, não há nenhum franco favorito, o jogo em Belém parece bem aberto, e há condições objetivas para o PT chegar ao segundo turno e vencer. Óbvio, pra isso é necessário fazer as opções corretas. O PT deve ser ousado, pensar lá na frente, deve personificar a renovação que o eleitorado espera, e oferecer uma candidatura inovadora, com um nome qualificado e uma campanha bem produzida. Assim, a legenda tem condições reais de concretizar seu potencial, que é grande.
Os caminhos da lógica eleitoral, muitas vezes, são subvertidos pelos interesses pessoais ou minoritários. Espero que o PT perceba isso, pois você está certíssimo na sua análise.