Pular para o conteúdo principal

A queda de Lupi para além de suas motivações diretas

A queda de Lupi era esperada, mas merece ser vista para além das motivações diretas que a causaram - os convênios com organizações não governamentais e o aparelhamento partidário do ministério. 

Refiro-me a uma das grandes incoerência políticas dos governos Lula e Dilma: a cessão de um importantíssimo e simbólico ministério, o do Trabalho, para um campo político que não está à altura de ocupá-lo.

Essa situação, como se sabe, ocorre pela pragmática da composição governista, mas sempre foi de uma contradição à toda prova. Não esqueçamos que Lupi, um político claramente clientelista, obrigou o próprio partido, apesar dos protestos de seus correligionários, a engolir Amazonino Mendes, um antigo rival.

O PDT tem alguns bons quadros - por exemplo, Brizola Neto - mas a parte contemplada pelo Planalto é sua banda menos saudável, a Força Sindical, tão ambivalente como inconsequente das heranças do trabalhismo.

A reinvindicação petista pelo ministério, como se sabe, provém da CUT. A Central Única dos Trabalhadores, fortemente ligada ao PT, defende a adesão do Brasil à convenção 158 da OIT, a Organização Internacional do Trabalho, que prega o impedimento da demissão sem justa causa.

Comenta-se que dificilmente Dilma dará a pasta à CUT, o que abriria novas frentes de combate da grande mídia ao governo. Parece ponderável o murmúrio de que o Trabalho passará ao PMDB, que há muito reivindica uma maior participação no executivo.

Há quem prognostique a possibilidade de um desses "bons quadros" do PDT herdar a pasta: o próprio Brizola Neto ou Paulo Pereira da Silva, deputado federal, próximo a Gilberto Carvalho.

E, ainda, se prognostica que a pasta passe ao PSD, o partido de Gilberto Kassab, o prefeito de São Paulo recém-chegado à base governista.

Certamente, no entanto, permanece a certeza de que, no governo Dilma, não haverá nenhuma guinada significativa à esquerda, na área do Trabalho.

Comentários

Fábio há um excelente artigo do Renato Lessa analisando a coalizão do governo Dilma e o tipo de captura que está ocorrendo. O estilo da Dilma parece apropriado para que os adversários façam a coisa dessa forma. Até agora ela está blindada; mas por quanto tempo vai se manter assim?
hupomnemata disse…
Eis aí uma grande dúvida, Marise. O caso é que, com o centro quente (protegido) estão tomando o mingau pelas bordas...

Postagens mais visitadas deste blog

Eleições para a reitoria da UFPA continuam muito mal

O Conselho Universitário (Consun) da UFPA foi repentinamente convocado, ontem, para uma reunião extraordinária que tem por objetivo discutir o processo eleitoral da sucessão do Prof. Carlos Maneschy na Reitoria. Todos sabemos que a razão disso é a renúncia do Reitor para disputar um cargo público – motivo legítimo, sem dúvida alguma, mas que lança a UFPA num momento de turbulência em ano que já está exaustivo em função dos semestres acumulados pela greve. Acho muito interessante quando a universidade fornece quadros para a política. Há experiências boas e más nesse sentido, mas de qualquer forma isso é muito importante e saudável. Penso, igualmente, que o Prof. Maneschy tem condições muito boas para realizar uma disputa de alto nível e, sendo eleito, ser um excelente prefeito ou parlamentar – não estou ainda bem informado a respeito de qual cargo pretende disputar. Não obstante, em minha compreensão, não é correto submeter a agenda da UFPA à agenda de um projeto específico. A de

Leilão de Belo Monte adiado

No Valor Econômico de hoje, Márcio Zimmermann, secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, informa que o leilão das obras de Belo Monte, inicialmente previsto para 21 de dezembro, será adiado para o começo de 2010. A razão seria a demora na licença prévia, conferida pelo Ibama. Belo monte vai gerar 11,2 mil megawatts (MW) e começa a funcionar, parcialmente, em 2014.

Ariano Suassuna e os computadores

“ Dizem que eu não gosto de computadores. Eu digo que eles é que não gostam de mim. Querem ver? Fui escrever meu nome completo: Ariano Vilar Suassuna. O computador tem uma espécie de sistema que rejeita as palavras quando acha que elas estão erradas e sugere o que, no entender dele, computador, seria o certo   Pois bem, quando escrevi Ariano, ele aceitou normalmente. Quando eu escrevi Vilar, ele rejeitou e sugeriu que fosse substituída por Vilão. E quando eu escrevi Suassuna, não sei se pela quantidade de “s”, o computador rejeitou e substituiu por “Assassino”. Então, vejam, não sou eu que não gosto de computadores, eles é que não gostam de mim. ”