Como todo candidato de direita, Sarkozy trabalha sua comunicação
política manipulando os discursos. Nem uma palavra sua é real. Tudo deriva da
conveniência política, manipulando imagens e códigos.
Quando os franceses elegeram-no, em 2007, não tinham consciência
real de que ele era, no final dos anos 1990 e nos primeiros cinco anos do
século, um neoconservador liberal. A imagem do candidato estava centrada num
discurso sobre “a França que sofre”, numa apropriação direta de bandeiras
socialistas. Na verdade, mais que isso: também na apropriação da imagem de
grandes intelectuais de esquerda do passado da França, como Léon Blum e Jean
jaurès, os quais sempre citava.
A decepção veio logo no dia seguinte, com a imagens chocantes da
comemoração da vitória ao lado dos grandes milionários do país no caríssimo
restaurante Fouquet e com seu embarque, de férias, no iate do bilionário Vincent
Bolloré.
Aos que o conheciam de antes, ele não parava de garantir: "J'ai changé", eu mudei, que foram as palavras que, talvez, mais tenha repetido durante a
campanha de 2007, saempre garantindo ter adotadoi um posição de defesa das
causas sociais.
Nesta campanha seu
marketing produziu uma curiosa zeugma: Sarkozy passou a dizer “A Euiropa me
mudou”. Só não diz em que, exatramente. Qual é essa mudança? Ninguém sabe.
Resta o signo vazio
da “mudança”.
Fica evidente, é
claro, que a proximidade com a Alemanha, intensificada tanto por razões
econômicas – já que a França de Sarkozy, em plena crise e ameaçada por queda na
sua avaliação financeira, procura
atrelar sua economia, o quanto possível, à economia alemã – como por razões
midiáticas – já que, posando ao lado de Angela Merkel, ganha ares de estadista
e líder europeu, que, de fato, não é, é o pano de fundo dessa “mudança” que lhe
promoveu a Europa.
Mas... mas tudo resta
sem coerência, sem fio lógico, sem explicação. Como todo discurso de direita.
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