No cenário que estamos vivenciando, François Hollande, o candidato socialista, provavelmente sairá vencedor - embora, é claro, tudo possa mudar, como tudo muda rapidamente, para a atenta opinião pública francesa, em seu processo eleitoral.
O perfil de Hollande pode ser descrito como de social-liberal de centro. Suas virtudes principais são suas habilidades como negociador: paciente, bom-ouvido e firme nos propósitos: persistente. Mas sua imagem tem alguns pontos vulneráveis. Aos franceses ele é o signo mesmo do burocrata: um tanto medroso, lento, indeciso, tolerante.
Ele foi, durante onze anos (1997-2008) , o Secretário Geral do Partido Socialista. Nunca foi ministro. E quase não foi o candidato do partido - só conseguiu a indicação após uma longa e penosa disputa interna. Dura, é claro, ainda que os socialista franceses sempre disputem ao extremo as indicações partidárias.
Sua ex-mulher, Ségolène Royal, deputada e ex-ministra, foi a candidata socialista das últimas eleições, derrotado por pouco por Sarkozy. E a verdade é que a sua presença na cena política, pelo fato de ser uma mulher que optou pela carreira política e não hesitou em colocar família e casamento em segundo plano, acaba por ressaltar a condição de faiblesse do marido.
Seu programa econômico não difere em muito do de Sarkozy. Na verdade, Hollande pisa em ovos, num cenário de incertezas econômicas gerais. Toma cuidado para não ir demais para a esquerda e, assim, perder o apoio do eleitorado de centro. E também tentar não ficar ao centro, para não perder seu eleitorado mais tradicional... de esquerda.
Com um candidato que ressalta a figura da indecisão e uma estratégia política que precisa de um componente de indecisão para se manter, Hollande acaba sendo um contraponto facilmente confrontado pela comunicação política de Sarkozy, que transmite a idéia de um candidato forte, centrado e que não hesita em escolher seu lado... ainda que seu lado não seja o mesmo da maioria dos franceses.
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