Assisti ao debate entre os candidatos à presidência francesa, ontem a noite. O nível de violência verbal foi elevado - na internet, a repercussão foi de que nunca um debate presidencial fôra tão agressivo.
A mídia hegemônica tentou fixar, hoje cedo, a ideia de que "Hollande tentou manter uma postura presidencial e inabalável, mas acabou por ficar nervoso". Sarkozy o chamou repetidas vezes de mentiroso e duvidou sistematicamente dos números apresentados pelo socialista, mas a postura de Hollande foi impecável e ele conseguiu manter a fleuma de estadista.
Era Sarkozy, e não Hollande, que olhava a todo tempo para os debatedores, evitando o olhar fixo de Hollande sobre si, por exemplo.
Apesar de seus ataques, Sarkozy guardou a defensiva. Foi pautado por Hollande. Passou a maior parte do debate "correndo atrás".
E, no momento daquela litania de Hollande, quando ele repetiu 16 vezes a frase "eu, presidente da França..." (ver o vídeo acima), numa anáfora curiosa, Sarkozy não teve sequer presença de espírito para interrompê-lo. Seria fácil ironizá-lo, nesse momento, por exemplo, dizendo algo como " mas o senhor não é o presidente".
Em minha opinião, Hollande se saiu muito melhor e deve ter penetrado no setor dos votos indecisos e, eventualmente, ampliado sua margem de votos no eleitorado do centrista Bayrou.
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