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Eleições na França 35: Edgar Morin e François Hollande. Trechos de uma conversa.


Qual a sua concepção de esquerda?
Edgar Morin : Para mim, se trata de retornar a essas três idéias motrizes típicas do século XIX: libertarismo, socialismo e comunismo. Essas três idéias se distanciaram e se combateram, ao longo da história. A idéia comunista de degradou nas suas versões stalinista e maoista; a social-democracia se deixou ressecar; quanto ao libertarismo, ele continua isolado, numa franja da esquerda radical. Precisamos, hoje em dia, regenerar essas três correntes e relacioná-las, de maneira a estimular as pessoas a abrirem suas mentes para o projeto de uma sociedade melhor e para a fraternidade. E eu também acrescentaria uma quarta idéia motriz, própria do nosso tempo: a ecologia. Nosso futuro dependente do nosso esforço para proteger, de maneira relacionada, a natureza e a nossa natureza humana.
François Hollande : Essas três ideias motrizes atravessaram, realmente, processos de murchamento, de ressecamento, mas elas continuam vivas. A família socialista tem mais responsabilidades que durante o século XIX, porque essas responsabilidades foram confrontadas ao exercício do poder. Elas foram reforçadas pela vontade de concretizar suas promessas através dos mecanismos do Estado, mas, também, através dos mecanismos dos coletivos locais. A esquerda deve afirmar seu compromisso de concretizar o projeto republicano, mas ela também deve aspirar a uma conquista: fazer com que a democracia se torne mais forte que o mercado, que a política retome o controle das finanças e lidere o processo de globalização. A esquerda precisa abrir suas velas e imaginar políticas novas. O progresso é possível; o futuro pode ser, ainda, um horizonte para os jovens. A humanidade continua caminhando. Por isso, tempos um compromisso com a evocação da nossa história e com a invenção do nosso futuro. É com essa perspectiva histórica que eu desenho meu projeto presidencial: quero ser um continuador e, ao mesmo tempo, um renovador.

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