Comentando as eleições 12: As eleições em Belém reforçam as tendências políticas já presentes nas últimas eleições
Em Belém, estas eleições constroem um quadro político que ressalta
as principais tendências já visíveis nas eleições de 2010:
1. A vancância de poder aberta pela falta de projeto regional do PT – com a conseqüência do reforço da proposta do Psol e a projeção de Edmilson Rodrigues como a principal força política do campo das esquerdas.
2. A consolidação hegemônica do PSDB, na esteira da vacância petista, com uma evidente profissionalização do seu jogo político – com o conseqüente pragmatismo na relação com seus parceiros como os partidos de sua base, os sindicatos e a mídia.
3. A afirmação do PMDB como a força política pendular, a única capaz de estabilizar e desestabilizar hegemonias – com a conseqüência de fazer disto um instrumento central do processo político regional.
4. A disponibilidade dos demais partidos para o jogo político de “cooptação” e de barganha em troca de benesses e espaços de poder.
Nada disso é novidade: apenas confirma uma tendência histórica, um
movimento iniciado em algum momento do governo Ana Júlia, quando o PT paraense
permitiu que projetos diagonais de poder atravessassem o que deveria ter sido
um projeto político objetivo de construção hegemônica.
O feitiço que enfeitiçou o PT – e que ainda continua a enfeitiçá-lo,
a julgar pela maneira como foi conduzida a campanha de Alfredo Costa – é sua
incompreensão de um fato político elementar: o de que a conquista do poder não
significa, em nenhuma situação histórica, a conquista da hegemonia.
Ter hegemonia não significa ter
a hegemonia. Estar no poder não significa ter o poder.
O PT teve poder quando ocupou o Governo do Estado, mas isso não
significava que tinha todo o poder,
que tinha integralmente o poder. Seu
poder era, apenas, o de estar melhor colocado para fazer uma efetiva construção
hegemônica.
A composição de alianças, que seriam caras, obviamente, e
enjoativas, certamente, era absolutamente necessária. Essa construção seria
condicional para uma construção hegemônica real, que pudesse empoderar o campo
das esquerdas à médio, à longo prazo.
E nem isto teria sido novidade: afinal, é a pura receita de Lula e
de Dilma. A receita do próprio PT.
Aliás, nada de nada disso é novo. Outras pessoas já o disseram. Eu
mesmo também, aqui no blog e em jornais.
Minha atual questão seria, simplesmente a seguinte: o que continua
impedindo que o PT paraense aprenda com o PT de Lula?
Comentários
O amadorismo não é condição da esclerose, é seu contrário. Então não concordo, ao menos integralmente, com vc. Concordo em relação a uma participação mais efetiva da militância e, parcialmente à esclerose de algumas lideranças.
Fica o debate por fazer, não dá para ser específico aqui, por falta de espaço, mas a gente conversa por aí. Enfim, acho que nas eleições de 2008 todos esses efeitos já estavam presentes.