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Comentando as eleições 3: Sínteses nacionais em São Paulo


São Paulo representa o encontro da política municipal com a política nacional. Tudo lá se encontra, nestas eleições.
José Serra, aos 70 anos, é o bastião irredutível do PSDB. Irredutível é uma ironia, bem entendido. Ele representa o velho PSDB, cada vez mais moralista e hipócrita. Seus 1,9 milhão de votos, em sua quarta eleição à prefeitura de São Paulo, se confrontam com uma imensa rejeição.
Fernando Haddad, aos 49 anos, com seus 1,8 milhão de votos – em sua primeira disputa eleitoral – avança várias casas na fila do PT paulista. E renova o partido.
É a sexta vez seguida que o prefeito de São Paulo será escolhido no 2o turno.
A dimensão nacional dessa disputa é o fato de que ela projeta, em suas entranhas, as eleições de 2014, em seus dois níveis principais: a cadeira do governador do estado e da Presidência da República.
O velho contra o novo na disputa pelo futuro.
Serra é o velho e já no seu primeiro pronunciamento, após a consolidação do resultado do 1.º turno, fez referência ao julgamento do mensalão no Supremo, indicando o tom de como deve ser sua estratégia de campanha para o 2o turno. Falou em valores, em moral, em costumes. É o tom. Nas eleições de 2010 vimos Serra falar em aborto e moral, moral, moral. Agora vai piorar.
A velhice, quando não é contemporânea de si mesma, trás isso. Ah, mas não estou falando sobre a idade de José Serra, de modo algum. Estou falando sobre a caqueticidade do PSDB.
O candidato petista deve receber no 2.º turno o apoio do PRB de Celso Russomanno e do PMDB de Gabriel Chalita. Russomanno é "o novo", à sua maneira. Chalita também o é, à sua maneira. Acompanhemos.
O interior SP
No Estado de São Paulo, os petistas ficaram quase na mesma: tinham 62, e agora tem 60 prefeitos, mas podem ganhar a capital.
No estado de São Paulo há 24 cidades com mais de 200 mil eleitores. Em doze desses municípios a eleição já foi decidida. Taubaté e Jundiaí estão entre as que terão nova votação. Na primeira, mais um confronto PSDB x PT. Na segunda, PSDB x PCdoB. São José do Rio Preto, Marília e Limeira, os novos prefeitos foram eleitos já na votação de ontem. Todos três pertencem ao PSB.
A disputa emblemática de Campinas
A disputa mais emblemática, para o PT, é Campinas, onde o candidato de Lula, Márcio Prochmann (PT) repete a mesma fórmula de Haddad: um acadêmico lançado na política num processo de renovação que derruba alguns quadros partidários tradicionais.
Porchmann e Haddad são o PT renovado. Uma lição para o futuro do partido no Brasil: a de que o PT precisa investir no novo urgentemente. Precisa saber se renovar, sobretudo com quadros técnicos que possam conformar o político de outra forma e com mais desenvoltura de gestão.
Depois de iniciar a campanha com 1% das intenções de voto, o economista Márcio Pochmann conseguiu levar a disputa pela prefeitura de Campinas para o 2.º turno com 27% dos votos e começa hoje as conversas com aliados do PDT, tendo como meta principal o apoio do PMDB, para tentar vencer Jonas Donizette (PSB). Apoiado pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB), o deputado federal terminou com 47%.
Com uma campanha dominada por trocas de acusações entre os adversários, a disputa foi nacionalizada pela polarização entre PT e PSDB. O prefeito Pedro Serafim (PDT), que também tinha chance de ir para o 2.º turno, teve 18% dos votos.
Indicado diretamente pelo ex-presidente Lula, após o partido se envolver no maior escândalo de corrupção da prefeitura no ano passado, Pochmann teve em seu palanque Lula e ministros como Aloizio Mercadante (Educação), Alexandre Padilha (Saúde), Miriam Belchior (Planejamento) e Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência).

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