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Política cultural e autoritarismo no Pará 4: O autoritarismo da política cultural do PSDB

Falar sobre isso é chover no molhado, afinal constitui o motivo do protesto dos artistas e é um assunto da vida quotidiana, há 20 anos, de todos os paraenses. Mas não posso deixar de procurar resumir essa questão, justamente porque ela é central.
O fato concreto é que o PSDB – e Paulo Chaves é, provavelmente, a face mais aberta do PSDB do Pará, a sua voz mais eloquente, o seu exemplo mais envaidecido, a sua expectativa mais contundente, o seu rebento mais somático – concebe política pública como, exclusivamente, a política feita por um partido para uma parte da sociedade.
Nessa percepção, parece normal e aceitável, ao PSBD, ao Governador Jatene, ao secretario Paulo Chaves, a ideia de que as escolas sobre a política cultural sejam da alçada exclusiva do Governo, sem nenhuma participação da sociedade civil e que os beneficiários dessas políticas públicas sejam parcelas reduzidas da sociedade.
Sabemos muito bem o que está por trás disso: uma visão de mundo elitista, uma percepção da coisa pública como patrimônio de uma classe ou de um grupo social, a crença de que a sociedade se divide em pessoas “sensíveis” (uma minoria de privilegiados) e uma maioria de abruptos e, sobretudo, a ideia de que “cultura” é uma coisa que pertence ao mundo das ideias: a elevadas esferas de pensamento só alcançáveis por aqueles que “nasceram para a governar”.
Bom, sem me conter a esse respeito, preciso dizer que a culpa é de Platão. Para mim, Platão é um grande tucano. Com sua visão aristocrática do mundo, ele criou essa ideia de que a cultura é uma coisa “sensível”, que tem a ver com o “espírito” e que conforma “identidades”.

Penso que isso tudo é uma grande bobagem. Platão, o PSDB e os elitistas de pla(n)tão.

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