Pular para o conteúdo principal

Política cultural e autoritarismo no Pará 6: O objeto do protesto dos artistas paraenses, as falsas e as meias questões presentes no debate, que desviam nossa atenção

O protesto não me parece ter sido contra a música do Terruá, especificamente e nem contra a música lírica, especificamente, mas sim contra o desmando, o exclusivismo e o autoritarismo da política cultural do PSDB.
O protesto foi contra Paulo Chaves e seu elitismo. Foi contra a arrogância dessa política cultural que passa longe da ideia de democracia.
É claro que também foi contra o Terruá e o Festival de Ópera, porque são eventos, são escolhas, que representam essa política cultural. Projetos caros, absurdamente caros, quando se pensa no público que atinge e nos efeitos sociais que produzem.
Projetos abusivamente caros, quando pensamos no quanto o Pará é pobre e no quanto difícil fazer cultura neste estado.
Na mesma medida, foi um protesto contra a monetarização dos indicadores culturais.
Cabe uma palavra sobre isso, sobre a monetarização dos indicadores culturais, prática maior da política cultural do PSDB, que está no DNA da Secult, da Secom e da Funtelpa na gestão tucana: a obsessão, a maldição, de converter a cultura em números, em indicadores, em público pagante, em cabeças, em audiência e em cifrões.
A rápida análise que Ernani Chaves, professor da Faculdade de Filosofia da UFPA faz da Nota Oficial que o Governo do Pará divulgou a respeito do protesto é esclarecedora. Leiam. Nela, o professor Ernani observa os termos usados pelo PSDB para justificar o Terruá: apenas quantitativos, números, coisas como “lotado”, êxito...

Penso que os artistas também protestam contra esse argumento, contra esse algoritmo cultural que os tucanos gostam de usar para justificar o que consideram importante.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Eleições para a reitoria da UFPA continuam muito mal

O Conselho Universitário (Consun) da UFPA foi repentinamente convocado, ontem, para uma reunião extraordinária que tem por objetivo discutir o processo eleitoral da sucessão do Prof. Carlos Maneschy na Reitoria. Todos sabemos que a razão disso é a renúncia do Reitor para disputar um cargo público – motivo legítimo, sem dúvida alguma, mas que lança a UFPA num momento de turbulência em ano que já está exaustivo em função dos semestres acumulados pela greve. Acho muito interessante quando a universidade fornece quadros para a política. Há experiências boas e más nesse sentido, mas de qualquer forma isso é muito importante e saudável. Penso, igualmente, que o Prof. Maneschy tem condições muito boas para realizar uma disputa de alto nível e, sendo eleito, ser um excelente prefeito ou parlamentar – não estou ainda bem informado a respeito de qual cargo pretende disputar. Não obstante, em minha compreensão, não é correto submeter a agenda da UFPA à agenda de um projeto específico. A de

Leilão de Belo Monte adiado

No Valor Econômico de hoje, Márcio Zimmermann, secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, informa que o leilão das obras de Belo Monte, inicialmente previsto para 21 de dezembro, será adiado para o começo de 2010. A razão seria a demora na licença prévia, conferida pelo Ibama. Belo monte vai gerar 11,2 mil megawatts (MW) e começa a funcionar, parcialmente, em 2014.

Ariano Suassuna e os computadores

“ Dizem que eu não gosto de computadores. Eu digo que eles é que não gostam de mim. Querem ver? Fui escrever meu nome completo: Ariano Vilar Suassuna. O computador tem uma espécie de sistema que rejeita as palavras quando acha que elas estão erradas e sugere o que, no entender dele, computador, seria o certo   Pois bem, quando escrevi Ariano, ele aceitou normalmente. Quando eu escrevi Vilar, ele rejeitou e sugeriu que fosse substituída por Vilão. E quando eu escrevi Suassuna, não sei se pela quantidade de “s”, o computador rejeitou e substituiu por “Assassino”. Então, vejam, não sou eu que não gosto de computadores, eles é que não gostam de mim. ”