Lançado o livro Glocal: visibilidade mediática, imaginário bunker e
existência em tempo real, pela Editora Annablume.
O resumo:
Em pouco mais de um século, a invenção da comunicação eletrônica reconfigurou radicalmente a dinâmica do capitalismo, as relações sociais e a vida cotidiana, barganhando influência em escala planetária. A partir de suas apropriações multilaterais e sob a voga de interesses corporativo-governamentais e desejos de massa, a comunicação em tempo real engendrou seu próprio espelho, organizando seu mundo típico.
Ao longo do tempo, este universo social refinou a sua característica fundamental: ele é glocal, uma realidade híbrida e paradoxal, nem global, nem local, antes vertente de síntese, reescalonada à terceira grandeza, já univocamente materializada em todos os domínios – no lugar mesmo em que nosso corpo se encontra e nossa consciência atua –, sem se reduzir seja ao local e aos localismos, seja ao global e às formas de globalização.
Longe da celebração do glocal no âmbito corporativo e da tendência majoritariamente descritiva e/ou legitimadora que preside o tratamento da questão nas ciências humanas e sociais, esta obra altera, profundamente, a tendência da discussão internacional em curso, ao realizar três procedimentos teórico-estratégicos até então não efetivados simultaneamente, a saber: em primeiro lugar, reconhece o glocal como problema teórico (para além de seu pretenso monopólio empresarial e ecológico) e confere ao termo valor crítico sine qua non, ao convertê-lo em categoria de análise tensional; em segundo lugar, atrela-o, com radical modulação semântica, aos media e redes em tempo real (de massa, interativos e híbridos) e às suas reverberações socioculturais e político-econômicas, posicionando-o, portanto, nas origens do processo civilizatório atual, sob os auspícios historicamente originais do tempo real, a partir do final do século XIX; e, por último – e o mais importante –, incorpora o conceito ao quadro epistemológico fundamental de uma reflexão desafiadora do modus operandi de reprodução social-histórica do capitalismo tardio (doravante inteiramente mediatizado), sobretudo no que tange ao seu estirão mais avançado, a cibercultura.
Da economia à cultura, da esfera do trabalho à do tempo livre, do âmbito doméstico à praça pública, estejam em jogo necessidades de governos, da indústria e/ou do comércio, de indivíduos, grupos ou categorias sociais, em escala regional, nacional e transnacional, tudo passa (ou tende a passar) pela experiência dessa condição mediática que radica na pretensa perpetuidade de um tipo específico de civilização – a civilização glocal.
Ao reler, de modo original, as relações entre local e global na cultura contemporânea, esta obra disseca as origens, o desenvolvimento, as estruturas dinâmicas, a significação social-histórica e as consequências multilaterais do glocal e de seu processo derivado, a glocalização, a fim de renovar a compreensão sobre as condições e horizontes da vida humana depois que a comunicação eletrônica se instituiu como mundo.
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