Revoluções tecnológicas não produzem, necessariamente, transformações estruturais no modo de produção. Podem vir a fazê-lo, mas isso não é evidente.
O que vemos a nosso redor, e de maneira mais acentuada a partir da calmaria pós-crise, é que estamos vivenciando uma profunda transformação tecnológica, que tem conseqüências objetivas sobre, pelo menos, dois aspectos da estrutura de produção da nossa sociedade: a redução do trabalho, a partir da robotização da produção e a multiplicação exponencial das ofertas de consumo. Dos anos 60 para cá vivenciamos essas duas transformações. Mais do que transformações: alterações nas forças produtivas. Porém, como dissemos, alterações produtivas e revoluções tecnológicas que não geraram mudanças estruturais no modo de produção.
O trabalhador, por exemplo, foi despotencializado no seu papel político. Com ele, o movimento operário e os partidos políticos de esquerda. O Partido Comunista Italiano, por exemplo, se transformou num partido de centro-esquerda e hoje está na centro-direita. O mesmo ocorreu com o Partido Comunista Brasileiro, atual PPS. O Partido Comunista Francês diminui a cada eleição. O trabalhismo inglês virou um partido liberal. E assim por diante.
Os trabalhadores, hoje, já não se reconhecem, moralmente, como tais. É como se uma cultura (e uma moral) de resistência, forte desde o final do século XIX e que produziu escolas literárias, cinematográficas e da pintura tivesse sido substituída pela pulsão do consumo.
Comentários
Explica melhor sobre essa redução do trabalho. Seria uma diminuição política e numérica do lado "força de trabalho"? Pq algumas tecnologias fazem muitas pessoas trabalharem mais, sem o estabelecimento exato de jornada e lugar de trabalho, como é o caso da internet e do celular.