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Mostrando postagens de novembro, 2017

Dona Chica

Na minha família paterna eram comuns as referências a uma antepassada perversa e malcriada que desdenhava de santos alheios, dava ordens sem parar e sem importar a quem e gostava de dizer, a cada um, as suas verdades. Tratava-se de uma criatura poderosa, um avantesma quase tribal, uma espécie de totem, de quem se sabia, ainda, uns restos de história. Tratava-se da dona Chica. Quando as nuvens se faziam negras no horizonte, havia sempre quem dissesse, “São horas de dona Chica”, E quando a bagarre se formava entre as gentes, “São quizílias de dona Chica”, E quando a disputa se dava ao jogo, “É psica da dona Chica”, E quando a desobediência se fazia, “São questões p’ra dona Chica”, E quando um mistério profundo se avolumava, “São coisas de dona Chica”, E quando o menino não queria dormir, “Vou chamar a dona Chica”. E isto era para mim. Mas quando!, que logo fechava os olhos, credo! Tecnicamente falando, ela era minha 6 a avó, ou seja: a bisavó do avô de m