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Mostrando postagens de agosto, 2006

Imagens do século XX

Ilustrando o post anterior, algumas dessas imagens que têm o poder de mostrar o invisível. O chão de pedras é a superfície de Marte.

A iconoclastia e o caráter instrumental da imagem na cultura ocidental

Essa iconoclastia é uma dimensão concreta e importante do saber visual das religiões monoteístas e do ocidente cristão de uma maneira peculiar. Resulta dela, acreditamos, o caráter instrumental que é atribuído à imagem pela cultura ocidental. Esse caráter instrumental, que ainda hoje persiste, atesta a desconfiança que nossa cultura porta à imagem. Ela tem uma longa tradição. Vejamo-la: No ocidente cristão românico, como vimos, a imagem é considerada um instrumento auxiliar da catequese. A imagética medieval servia a educar a cristandade iletrada. No século XV, essa imagética serve, também, como suporte à memória do orador, serve também como breviário, como guia para a meditação. Ela serve de referência, de orientação para o ensino dos fiéis. No século XVI a imagem começa a ter um caráter documental. Ela começa a se despojar dessa obrigação de ser um instrumento de educação e vai se deslocar para outros campos do saber. Nesse momento a imagem começa a ilustrar relatos de viagem, tratad

O monoteísmo como fundamento da denúncia da imagem enquanto ilusão

Todas as religiões monoteístas, em algum momento da sua história, tiveram uma atitude violenta e excludente em relação às imagens. Aparentemente, a problemática que os monoteísmos desenvolvem se refere à ameaça que as imagens alocam ao deus que propõem. Sendo único, talvez, seja um Deus mais vulnerável. Sendo único, concatene, talvez, o fulcro de todas as representações. Para se afirmarem, essas religiões monoteístas precisam negar a imagem. Elas eram vistas como um sucedâneo, como uma ameaça à unidade – e, portanto, à coerência – de toda representação. A imagem poderia evocar a idéia de uma duplicidade de deus, ou de uma condição de emanação autônoma de deus, um semideus, por exemplo, ou, ainda, um outro deus. Lembremos que a natureza própria da imagem é ambivalente. O antropólogo Jack Goody trata dessa ambivalência própria das imagens. Ele observa que as imagens nascem por meio de uma atitude que visa a representar o que está ausente. Podemos dizer que as imagens encarnam o imaterial

Mercadoria e sensibilidade moderna - aulas 20 e 21 (graduação)

Na imagens, a destruição de Paris para as obras de Napoleão III. Esse tema, o da destruição, é fundamental para nossa comporeensão de Benjamin. Observem que a modernidade se alia à antiguidade. Benjamin, p. 81 do texto em trabalho: "Sempre que aparece em As Flores do Mal, Paris carrega essa marca" . Essa idpeia está particularmente presente na obra de Baudelaire e é notável em "O Cisne": "De uma cidade a história Depressa muda mais que um coração infiel" A cidade moderna, alegoria da antiguidade, está cercada de símbolos frágeis. Nas duas aulas desta semana, continuaremos trabalhando com "A Modernidade", de Benjamin, procurando associações com a obra de Baudelaire. Não esqueçam que estenderemos nossa aula em uma hora, nestes dois dias, para podermos estar em dia com a carga horária.

Filosofia da modernidade - aulas 20 e 21 (graduação)

Na aula de hoje, segunda-feira, concluiremos nossa leitura de O Discurso do Método. A Sexta Parte do texto não será lida em sala, mas estará a disposição de todos na pasta da disciplina, na Xerox do CLA e aconselho fortemente a sua leitura. A aula de quarta-feira será expositiva, e dedicada à compreensão do Racionalismo. Nossa abordagem será uma comparação entre o pensamento de Descartes e o pensamento de Espinoza. Acho que já temos elementos para essa comparação, na medida em que nossa observação se centrará no chgamado "problema gnosiológico", ou seja, a razão pela qual nós (seres humanos) conhecemos alguma coisa. Não esqueçam que a aula de quarta-feira será de 10 às 12 e que termos aula extra, no sábado, dia 01 de setembro, de 9 às 12 horas.

Mercadoria e sensibilidade moderna - aulas 18 e 19 (graduação)

O tema central das aulas da semana é o tema do herói, ou de sua possibilidade, na Modernidade. A partir da leitura de Benjamin, discutiremos esse tema. A princípio, proporemos que o herói da Modernidade, segundo Benjamin, é um anti-herói. É o mendigo-flâneur - o homem da multidão, lembram do conto desse nome de Edgar Alan Poe, que lemos em junho? - e também o bêbado, a prostituta, o jogador, o viciado. Sobre todas essas figuras paira o tema da infidelidade, tão inerente a seu individualismo como à sua frgailidade. Trata-se, efetivamente, do herói de Baudelaire. Esse herói é sabido por Poe e por Baudelaire, mas desconhecido por Balzac - lembram de Rubempré, cuja trajetória acompanhamos em maio? - que, observa Benjamin (p. 78 do texto em trabalho), só conhece o grande marginal da sociedade. Vautrin, por exemplo, ou Goriot: todos perfazem um arco de ascenção e queda. Não se assemelham aos heróis baudellaireanos, ou ao herói da vida cotidiana do século XIX parisiense. Este, na verdade, tal

Palestra sobre Imagem e Sociedade na Amazônia

Próxima quinta-feira dou continuidade à minha participação no seminário da Professora Marina Castro sobre Arte e Sociedade, na FAZ (Faculdade de Tecnologia da Amazônia). Nestes dois encontros falo sobre o tema "Imagem e Sociedade na Amazônia". Abordarei a trajetória de um "saber visual" amazônico a partir da reverberação, no imaginario visual local, do trabalho de representação da Amazônia feito pelos naturalistas dos períodos colonial e imperial. A partir dessa proposição, discutiremos como um "saber visual" está presente na obra, mas sobretudo na reflexão, de grupos de artista importantes, como o Grupo do Utinga nos anos 1950, a geração da Escola de Arquitetura, nos anos 1960-70 e o grupo FotoAtiva, já no campo da fotografia, nos anos 1980-90. A palestra é aberta ao público, começa as 18h50 e termina às 20h20, no campus da FAZ no Colégio Santo Antônio - curso de Estética e Comunicação Visual, da Prof Marina Castro.

Filosofia da modernidade - aulas 18 e 19 (graduação)

Para Descartes, a razão é uma fonte de conhecimento autosuficiente. O conhecimento da realidade que ela produz é gerado com suas próprias forças, tal como a matemática. Por essa razão a experiência humana não serve senão como um condutor para a reflexão racional. Não é senão uma ocasião para a racionalidade. Esse pensamento reproduz uma intuição que surge com o Renascimento, pela qual se começa a acreditar que a natureza não é, como antes se pensava, uma quantidade interminável de coisas, um sistema sem leis de acontecimentos. Assim não sendo, se faz possível conhecer, descobrir, desvendar o mundo. Conhecendo seus mecanismos de funcionamento (por meio da razão), se conhece a sua complexidade. Para fazê-lo, pode-se partir de algumas poucas evidências: os axiomas, para falar sobre as demais verdades correlatas, discurso construtor de hipóteses que Descartes chamará de teorema.

Dinâmicas do ícone nas sociedades monoteistas (Teoria da imagem - aula 2 - especialização)

I O tema da aula de hoje procura enlaçar três temáticas co-pertinentes: imagem, verdade e ilusão. Discutiremos essa relação por meio da questão do ícone. Partamos da idéia de que há duas grandes tradições, em nossa cultura, no trato com a imagem. Uma delas vê a imagem com um princípio da realidade e a outra a tem como uma ilusão. A primeira tradição propõe que a experiência de ver pode ser superior à própria experiência da realidade. Essa tradição constrói idéias como “ver com os próprios olhos”, “ver com os olhos que a terra há de comer” e “ver para crer”. Essas expressões indicam uma valorização da imagem em relação à realidade. A segunda tradição, por sua vez, sugere que as imagens não são confiáveis. É a tradição que advém da metafísica platônica e que diz que o mundo das coisas aparentes é um mundo de ilusões, que a mímesis, que significa reprodução da cópia, é um procedimento perigoso e enganador. O que explica esse paradoxo? O que explica que, dentro de uma tradição, a imagem se

Ainda imagem e identidade 2

Kauffman, em “L’Invention de soi”, comenta a relação entre imagem e os sistemas de identificação pessoal. Que dizer da associação entre o nome próprio, a assinatura, a impressão digital e a foto 3x4 presentes nas carteiras de identidade? Quer dizer, agora não há mais a impressão digital na CI, mas ela está lá, ainda, em alguns países. Que dizer disso? Outro que aborda a questão é Eduardo Prado Coelho, num artigo publicado em “O Público”, jornal de Lisboa: "O suporte da identidade é o corpo que habitamos. Um bilhete de identidade tem um nome, uma assinatura (o traçado da mão sobre o papel a partir de uma caligrafia que é suposta revelar a personalidade da pessoa) e uma fotografia. E os arquivos de identificação coleccionam impressões digitais - que seriam a prova de que um ser se distingue doutro ser".

Ainda imagem e identidade

O tema me faz lembrar de Alphonse Bértillon. Esse sujeito criou, em 1882, um sistema de informações policiais centrado na fotografia de orelhas. Bem, ele fotografa, sob uma mesma marcação de luz, o rosto dos detentos e suspeitos, mas atinha-se particularmente na produção de imagens de suas orelhas. Acreditava que as pessoas não possuem, jamais, orelhas semelhantes e que, dessa situação, se poderia ter um completo banco de dados com informações policias. E tal coisa foi feita. Centenas, milhares de fotografias de orelhas passaram a povoar o sistema judicial francês, ao final do século XIX. Sugeriram a ele, certa vez, que substituísse o sistema por um outro, ainda mais eficaz: a coleta de impressões digitais. Mas Bértillon riu-se: Como podem achar mais prático identificar criminosos pelo dedo do que por sua orelha?

Imagem e identidade

Qual a relação entre imagem e identidade? Esse foi um dos temas que iniciamos discutir no Seminário de ontem. O tema tem um imenso potencial e conecta os temas que estamos discutindo na especialização com o tema central do LabSo, do Tribos Urbanas e dos projetos de pesquisa. Efetivamente, o problema da imagem coincide com o problema da identidade. Observem que ambas as palavras têm a mesma raiz etmilógica. Acompanhando a crítica que estamos produzindo sobre a dinâmica metafísica que resulta naquilo que compreendemos tanto por imagem como por identidade, lembremos o sentido das proposições feitas pela psicanálise e, noutro plano, pela sociologia compreensiva, de que o que faz sentido, verdadeiramente, não é a identidade, mas a identificação. O verdadeiro processo é o da identificação. O que propus no seminário foi que a relação entre identidade e imagem corresponde à relação entre identificação e algum termo que soaria mais ou menos como imagificação. Não temos a variação necessária do

Seminário de Sociomorfologia

Depois de amanhã, de 15 às 18, teremos o nosso primeiro Selminário de Sociomorfologia do ano. Não pudemos começar mais cedo em função do semestre excessivamente pesado que tivemos, marcado pela campanha pela direção do Centro de Letras e pelo início simultâneo de vários projetos do laboratório de Sociomorfologia, como o Tribos Urbanas, o RMIA (financiamento PARD) e o ISA (financiamento CNPq). Mas, enfim, recomeçamos. O Seminário de Sociomorfologia é uma atividade central do Laboratório de Sociomorfologia. Ele agrega meus 13 bolsistas, meus orientandos de TCC, especialização e mestrado, os alunos das graduações em Comunicação e em Letras, bem como da especialização Imagem e Sociedade que desejam participar. Teremos reuniões quinzenais, sempre às quintas-feiras, de 15 às 18, no auditório de Comunicação. O Seminário é aberto ao público e confere certificados de participação ao final de cada semestre letivo. Para quem se interessar, há uma pasta com o título Seminário de Sociomorfologia na

Filosofia da Modernidade - aula 18 (graduação)

Em função do feriado de terça, só teremos uma aula de nosso curso nesta semana. Leremos o Discurso do Método, de René Descartes. Espero poder ler e discutir com vocês as partes I e II do texto. Observem um trecho dessa obra, ao final da página 51 da edição que estamos trabalhando: "existindo somente uma verdade de cada coisa, aquele que a encontrar conhece a seu respeito tanto quanto se pode conhecer". Pensem nisso antes de nossa leitura. O Discurso do Método fala exatamente sobre o que está por trás dessa frase: as verdades são simples, porque são exatas, mas encontrar a verdade é difícil, num universo cheio de sombras, ilusões, enganações... Portanto, encontrar a verdade é possível; para tanto, bastaria dissolver as obstruções da mente e do mundo que impedem o real de aparecer como ele, exatamente é - ou seja, na sua simplicidade de ser uma coisa absoluta. Porém, se é possível encontrar a verdade, como fazê-lo?

Mercadoria e sensibilidade moderna - aulas 15 a 16 (graduação)

Nesta semana retomamos nosso estudos sobre a "função" sensível da mercadoria e sua importância para a sociedade moderna. Iniciamos, neste momento, a segunda unidade do curso, na qual estudaremos como Walter Benjamin compreende essa modernidade e as asua mercadorias. Nas duas aulas desta semana estudaremos a trajetória de Benjamin e de seu pensamento. Serão aulas expositivas, nas quais faremos o seguinte percurso: 1 - Aspectivos biográficos e bibliográficos de Walter Benjamin 2 - A influência do messianismo judaico sobre sua compreensão da materialidade histórica

A metafísica imagética na sociedade antiga (Teoria da imagem - aula 1 - especialização)

A metafísica de Platão separa o ser da aparência. Corresponderia o ser a uma essencialidade sua, profunda e superior, que lhe constitui todo o fundamento. A uma essencialidade presente no mundo superior da idéias. A essência do ser (eidos) teria por oposição a imagem do ser (êidolon), por sua vez correspondente à aparência que tem o mundo das idéias no mundo empobrecido da vida. o Essa metafísica penetra tão profundamente na cultura ocidental que faz com que toda imagem e toda cópia sejam postas sob suspeita. Suspeita de seu caráter duplo, recorrente. De sua condição mimética, ou seja, do fato de constituir-se como cópia. o Essa suspeição gera um dos fenômenos estruturais da nossa sociedade ? que se desdobra em muitos processos da vida cotidiana : formas de preconceito, maneira como são tratados e considerados os artistas e a arte e, num plano mais subjetivo, como certas estratégias culturais ? formas de tratamento, visões de mundo, processos políticos, etc. ? são colocados na vida cot

Teoria da Imagem - ementa (especialização)

Segue abaixo a ementa do meu curso na especialização Imagem e Sociedade (Decom/UFPA)que inicia hoje, 07/08/2006, com aulas às segundas-feiras, de 19 às 22h. Procura-se, com esta disciplina, uma sistematização dos princípios gerais da especialização Imagem e Sociedade. Adotando essa perspectiva, procuraremos lançar os fundamentos para uma leitura crítica, tanto sociológica como antropológica, da imagética social. Partiremos de uma reflexão sobre a dinâmica metafísica da imagética ocidental, procurando oferecer aos alunos um referencial teórico no campo da Teoria da Imagem. As imagens serão, aqui, tomadas como produtos culturais e como processos sociais, dando-se especial relevo ao fato de elas mediarem, cada vez mais, na cultura contemporânea, a relação das sociedades com o mundo. A delimitação e a compreensão do universo das imagens exigirá a interpretação da sua relação com produtos concretos da cultura contemporânea (como o cinema, a pintura e a fotografia) por um lado, e, por outro,

Filosofia da Modernidade - aulas 16 e 17 (graduação)

Nestas duas aulas da nova unidade de estudos continuaremos falando sobre Descartes. Já vistos seus aspectos bio-bibliográficos centrais, pensaremos um pouco sobre o Racionalismo e sobre a conexão do Racionalismo à Modernidade. Racionalismo significa algo como “uso específico da razão”. É também uma determinada concepção do mundo, um método de produção de conhecimento e uma forma especulativa de conhecimento. De acordo com o racionalismo a razão é a principal – para alguns, a única – fonte do saber verdadeiro. Ele seria a oposição conseqüente do “sensulaismo” – o conhecimento por percepção, por sensualidade.

Filosofia da Modernidade - aula 15 (graduação)

Nesta semana retomamos nosso curso. Iniciamos nossa segunda unidade de estudos, seguindo o projeto de compreender como a Modernidade foi pensada, intuida, imaginada e refletida, antes de ser empreendida e praticada. Na primeira unidade trabalhamos o surgimento do pensamento moderno na obra de Tomás de Aquino. Vimos como o resgate do corpus aristotelicum (o cor5po de obras do filósofo), ocorrido mais de mil anos após deu desparecimento, constituiu um evento intelectual maior do Ocidente. Vimos o pensamento de Alberto Magno e sua influência sobre Tomás de Aquino - seu discípulo. Vimos também como a obra e a ação de T. de Aquino provocaram um conflito intelectual que marcaria longamente o pensamento ocidental. Nesta segunda unidade, começamos dando um salto de alguns séculos para encontrar René Descartes e alguns filósofos próximos a si, os chamados racionalistas. Estudaremos com a "intuição" moderna envolve a obra de Descartes e como a sua filosofia contribuiu para constituir,