Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens com o rótulo Entre o Mito e a Fronteira

Entre o Mito e a Fronteira - palestra

Amanhã, às 10h, no auditório do Instituto de Letras e Comunicação, na UFPA (em frente ao ginásio) faço uma palestra sobre meu livro Entre o Mito e a Fronteira. Em seguida, o livro estará à venda, para quem desejar. "A Cidade Sebastiana", meu livro anterior, também poderá ser adquirido. Na palestra vou fazer um resumo do livro e do arcabouço metodológico usado para desenvolver a pesquisa. A proposta é ser um bate bapo aberto, um espaço para conversar sobre identidade e sobre cultura e sobre identidade e cultura na Amazônia e no Pará.

Entre o Mito e a Fronteira - lançamento hoje

Entre o Mito e a Fronteira: narrar o presente.

É conhecido o pensamento de Paul Ricoeur de que não é possível historiar o presente. Enquanto atores de uma história em curso, não teríamos o distanciamento e a imparcialidade necessários para compreendê-la em suas formas gerais ou perceber nela seus motivos e fundamentos, eventualmente mascarados pelas ideologias, ilusões e perspectivas dominantes em vigor. Estando imersos nesse presente – num tempo que ainda não se constituiu em história – seria, portanto, impossível falar sobre a história. Porém, se não é possível historiar o presente, será possível, certamente, observá-lo e, talvez, intuí-lo. Por intuí- lo pode-se dizer vivenciá-lo, constituí-lo enquanto experiência sensível. Narrá-lo. É nesse sentido que a sociologia compreensiva e fenomenológica que vislumbro converte-se, ainda, numa prática etnográfica: narrar o que nos submerge, resgatando a compreensão – e a intuição – de um todo ainda complexo.

Entre o Mito e a Fronteira: tipicidade.

Enfim, empreendi uma reflexão sobre os dados coletados em sua “tipicidade”. Ou, mais precisamente, tentei observar o fenômeno de intersubjetividade assinalado em termos de uma sociomorfologia da “identidade” amazônica. Minha conclusão, em síntese, é de que a moderna tradição amazônica não constitui um tempo histórico, não é herdeira de um passado, não é a recuperação de uma essência. Ao contrário, ela é uma invenção do presente e no presente. Ela é aesthesis, é sentir coletivo, é refluxo de intersubjetividade, é alegoria do mundo – marcada pela aurificação inusitada de seu objeto obsedante, de maneiras de ser, modos de pensar e estilos de comportamento. Nesse sentido, ela é a procura por uma forma, a indagação sobre uma origem, sobre uma casa, sobre um pertencimento que, fundamentalmente, não coincide com o espaço amazônico, especificamente, e nem com qualquer outro espaço geográfico- histórico, mas sim com a forma superior de uma identidade inexistente, ainda que projetada ...

Entre o Mito e a Fronteira: fronteiras imprecisas.

O dinamismo do fenômeno social observado, com essa razão interna, teria, a meu ver, um equivalente na noção benjaminiana de tempo-já, ou melhor, agoridade, à qual se refere à fulguração de um futuro nos atos do presente, ou melhor, no sonho em relação ao futuro, a uma situação de futuro, como força capaz de concentrar as energias do presente. Para Walter Benjamin, a agoridade seria uma suspensão espontânea do real com o fim de alcançar o verdadeiro. Como disse, tento descrever, ou fotografar, um momento em seu curso. Na trajetória da minha observação, procurei situar, a princípio, o espaço-objeto – a intuição da fronteira em seu momento de constituição. Em seguida, procurei situar, nessa fronteira, minha trajetória de observação, precisando meu contato com tudo aquilo que constitui a moderna tradição amazônica. Sem ilusões de objetividade, pretendi, reunir os fragmentos de uma realidade. Mapeada a fronteira, com suas intuições, procurei organizar as impressões havidas, como a...

Entre o Mito e a Fronteira - lançamento

Entre o Mito e a Fronteira: "vitalismo".

Este livro fala sobre esse processo. Fala sobre a moderna tradição amazônica e seu dinamismo, seu vitalismo. Fala sobre situações de ansiedade em relação ao fim da cultura e sobre a economia do sentido comum. A moderna tradição amazônica pode ser vista como um desvelamento social. Não como a recuperação e defesa de uma essência ou o resgate de tradições, como querem tantos autores, ainda dominados pelos paradigmas de uma modernidade castradora, mas sim como uma bricolagem coletiva, uma invenção ou imaginação cujos processos, dispersos no corpo social, podem aqui ser chamados de intersubjetividade.

Entre o Mito e a Fronteira: "ideal-tipo"

Essa identidade amazônica pode ser vista como um ideal-tipo, no sentido weberiano: um sentido em curso, tempo a ser, lugar a chegar. Portanto, como um horizonte de compreensão – que se conforma como blocos de experiências sociais, traduz--se enquanto situações típicas e sedimenta-se, na sociedade, constituindo estoques de conhecimento e historicidades. Trata-se de um processo comum a todo curso social, mas torna-se peculiar quando se intensifica, quando se sente pressionado e crente de que algo deve ser agilizado, algo deve ser salvo. Foi o que aconteceu, penso, na vida intelectual de Belém ao longo das últimas três décadas do século XX. Nesse sentido, este livro procura funcionar como uma espécie de fotografia de um certo momento histórico, de uma experiência comum. A fotografia, talvez, da construção coletiva de uma identidade – ou do esforço de produção de sentido para um estar no mundo ameaçado. Um processo de intensificação da identificação social em curso.

Entre o Mito e a Fronteira: "quadro de pensamento".

Algumas vezes utilizo a expressão “quadro de pensamento”, desenvolvida por Max Weber, para explicar esse processo. Com essa expressão, poderia compreendê-lo como um feixe de significações, códigos, operadores de sentido. Ou como a vontade, utopista, de um desejo de ser, um processo de sedimentação do sentido comum que coisifica o mundo, transformando-o, levando-o ao encontro de um projeto intuído. Tratar-se-ia de um ideal-tipo, um projeto, uma vontade comum, cujo mote central é a noção de identidade amazônica – análoga à de cultura amazônica.

Entre o Mito e a Fronteira: a história rápida.

A história avançava muito rapidamente, em Belém, nesse tempo, e uma das respostas mais intrigantes da cidade a esse processo de transformação foi dada por artistas, intelectuais e produtores culturais, que iniciaram um processo coletivo, intersubjetivo, de discutir a identidade e as fontes culturais da sua sociedade amazônica. Esse processo foi espontâneo. Não teve lideranças absolutas, dogmas ou prescrições. Foi um fazer-junto, um sentir-junto. Por isso mesmo, não foi teorizado, explicado ou mesmo percebido, claramente, em seu tempo. Da mesma forma, não produziu sínteses absolutas, mas sim aproximações, tipificações, sedimentações intersubjetivas. Lançamento dia 7 de setembro, quarta-feira, a partir das 19h, na Fox Vídeo da Dr. Moraes. Visite o site do livro.

Entre o Mito e a Fronteira: afirmar o si-mesmo coletivo.

A impressão de estar entre o mito e a fronteira, com as adjetivações e variações que acompanham esses termos, foi uma experiência recorrente para quem vivia em Belém, bem como em outras cidades e espaços amazônicos, nas últimas décadas do século XX. Vivenciava-se, então, uma experiência de rápida integração da Amazônia ao espaço nacional brasileiro. A violência dessa integração, com seus capitais, transumâncias, devastações e “grandes projetos”, provocava sentimentos ambivalentes em quem pertencia à Amazônia e julgava que ela a si pertencia. Uma invasão subjetiva, com esferas de arrogância, determinismo e contradição. Tratava-se, em primeiro plano, desse sentimento ambivalente de perceber a fronteirização do mundo próprio, o avanço do outro sobre o pretenso si-mesmo coletivo. Em plano decorrencial, tratava-se de empreender estratégias de verificação, verisdição e afirmação desse si-mesmo coletivo. Tratava-se de reorganizar o campo do mito como forma de resistência aos avanços da fr...

Entre o Mito e a Fronteira: forçados a despertar?

Há um conjunto de três frases que constituem um dialogo entre autores de gerações muitos diferentes: “Cada época sonha com a seguinte”.  Jules Michelet, Avenir! Avenir! “Cada época não somente sonha com a seguinte como também, ao sonhá-la, a força a despertar”. Walter Benjamin, Teses sobre o conceito de história. “É sempre em seu começo que uma época é, realmente, pensada”.  Michel Maffesoli, A razão interna. De que falam elas? Para mim, falam da coesão social presente em momentos históricos nos quais não pensamos haver coesão. Nenhum coesão. São momentos de crise, de tensão, de ameaça. Curiosamente, porém, é nesses momentos de risco que se formam certas formas de coesão social.  Amazônidas do Pará, nós experimentamos, nas últimas décadas, esse "começo de tempos", não um começo feliz, mas catastrófico. Essa questão, poderia dizer, é o cerne do livro. Resta saber se essa experiência de catástrofe força a época seguinte, de fato, a despertar. Lançamento dia 7 de sete...

Entre o Mito e a Fronteira: criando mitos.

Que é um mito? Muita gente compreende essa palavra como uma substância arcaica, que só tem sentido enquanto uma experiência social dos antigos. Penso que, ao contrário, um mito pode, também, raízes na contemporaneidade, no mundo vivido. Como disse Max Beckmann, “Criar um mito a partir de nossa vida atual: eis o sentido” . Que sentido? Sentido para quem? Provavelmente é o sentido da cultura viva, essa que se desenraiza, se fronteiriza e se reinventa. Lançamento no dia 7 de dezembro, quarta-feira, a partir das 19h, na Fox Video da Dr. Moraes. Visite o site do livro.

Entre o Mito e a Fronteira: sonambulismo e lucidez - fronteiras do contemporâneo

“É unicamente nessa mistura de sonambulismo e de terrível lucidez de consciência onde ainda podemos viver, se não quisermos nos tornar estúpidos como um animal, numa época na qual todas as noções estão atrapalhadas”. Max Beckmann, Correspondência, Carta a Reinhardt Piper. Escolhi essa frase, do pintor alemão Max Beckmann, como uma das epígrafes de meu livro, “Entre o Mito e a Fronteira”. Por que a escolhi? Acho que porque ela traduz um processo social intersubjetivo que está no cerne de toda minha pesquisa. Ele sugere o processo da formação da consciência interessada, uma zona transitiva – e, assim, uma forma social – comum a certo padrão da experiência cultural, um padrão observável em muitas épocas ao longo da história e também na nossa, de amazônidas paraenses do tempo contemporâneo. Lançamento no dia 7 de dezembro, quarta-feira, a partir das 19h, na Fox Video da Dr. Moraes. Visite o site do livro.

Entre o Mito e a Fronteira: convite para o lançamento

O site do meu novo livro está no ar

Na primeira semana de dezembro chega às bancas e livrarias meu novo livro, "Entre o Mito e a Fronteira", que tem o subtítulo de "Estudo sobre a figuração da Amazônia na produção artística contemporânea de Belém". Esse "contemporânea" refere-se ao período entre 1970 e 2000, e o livro reproduz uma parte, um terço, mais ou menos, de meu trabalho de doutoramento - que também inclui uma longa discussão sobre a idéia de "identidade", uma análise da produção cultural amazônica no seu plano histórico e uma descrição conjuntural da "fronteirização" da Amazônia, pela sociedade nacional brasileira, ao longo desse período de 30 anos que encerra o século XX. Já divulguei aqui no blog um "trailler" do livro . Hoje disponibilizo o site de "Entre o Mito e a Fronteira" , na verdade um blog tumblr, onde dá para deixar comentários, fazer perguntas, etc. Aos poucos, vou lançando novos materiais lá e aqui. Fica a dica e peço que ajudem ...