É conhecido o pensamento de Paul Ricoeur de que não é possível historiar o presente. Enquanto atores de uma história em curso, não teríamos o distanciamento e a imparcialidade necessários para compreendê-la em suas formas gerais ou perceber nela seus motivos e fundamentos, eventualmente mascarados pelas ideologias, ilusões e perspectivas dominantes em vigor. Estando imersos nesse presente – num tempo que ainda não se constituiu em história – seria, portanto, impossível falar sobre a história. Porém, se não é possível historiar o presente, será possível, certamente, observá-lo e, talvez, intuí-lo. Por intuí- lo pode-se dizer vivenciá-lo, constituí-lo enquanto experiência sensível. Narrá-lo. É nesse sentido que a sociologia compreensiva e fenomenológica que vislumbro converte-se, ainda, numa prática etnográfica: narrar o que nos submerge, resgatando a compreensão – e a intuição – de um todo ainda complexo.
Tomei ontem, junto com a professora Alda Costa, uma decisão difícil, mas necessária: solicitar nosso descredenciamento do Programa de pós-graduação em comunicação da UFPA. Há coisas que não são negociáveis, em nome do bom senso, do respeito e da ética. Para usar a expressão de Kant, tenho meus "imperativos categóricos". Não negocio com o absurdo. Reproduzo abaixo, para quem quiser ler o documento em que exponho minhas razões: Utilizamo-nos deste para informar, ao colegiado do Ppgcom, que declinamos da nossa eleição para coordená-lo. Ato contínuo, solicitamos nosso imediato descredenciamento do programa. Se aceitamos ocupar a coordenação do programa foi para criar uma alternativa ao autoritarismo do projeto que lá está. Oferecemos nosso nome para coordená-lo com o objetivo de reverter a situação de hostilidade em relação à Faculdade de Comunicação e para estabelecer patamares de cooperação, por meio de trabalhos integrados, em grupos e projetos de pesquisa, capazes de...
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