O tema me faz lembrar de Alphonse Bértillon. Esse sujeito criou, em 1882, um sistema de informações policiais centrado na fotografia de orelhas. Bem, ele fotografa, sob uma mesma marcação de luz, o rosto dos detentos e suspeitos, mas atinha-se particularmente na produção de imagens de suas orelhas. Acreditava que as pessoas não possuem, jamais, orelhas semelhantes e que, dessa situação, se poderia ter um completo banco de dados com informações policias. E tal coisa foi feita. Centenas, milhares de fotografias de orelhas passaram a povoar o sistema judicial francês, ao final do século XIX. Sugeriram a ele, certa vez, que substituísse o sistema por um outro, ainda mais eficaz: a coleta de impressões digitais. Mas Bértillon riu-se: Como podem achar mais prático identificar criminosos pelo dedo do que por sua orelha?
 Tomei ontem, junto com a professora Alda Costa, uma decisão difícil, mas necessária: solicitar nosso descredenciamento do Programa de pós-graduação em comunicação da UFPA. Há coisas que não são negociáveis, em nome do bom senso, do respeito e da ética. Para usar a expressão de Kant, tenho meus "imperativos categóricos". Não negocio com o absurdo. Reproduzo abaixo, para quem quiser ler o documento em que exponho minhas razões:   Utilizamo-nos deste para informar, ao colegiado do Ppgcom, que declinamos da nossa eleição para coordená-lo. Ato contínuo, solicitamos nosso imediato descredenciamento do programa.       Se aceitamos ocupar a coordenação do programa foi para criar uma alternativa ao autoritarismo do projeto que lá está. Oferecemos nosso nome para coordená-lo com o objetivo de reverter a situação de hostilidade em relação à Faculdade de Comunicação e para estabelecer patamares de cooperação, por meio de trabalhos integrados, em grupos e projetos de pesquisa, capazes de...
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