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Tribos Urbanas chega ao fim. Para quem não sabe, é o projeto que coordenei no Depto de Comunicação da UFPA, financiado pela Companhia Vale do Rio Doce. Durante dez meses publicamos páginas semanais sobre sociabilidades contemporâneas em Belém. Foram 26 páginas. O projeto funcionou com 11 bolsistas. A proposta era simples: integrar atividades de pesquisa a atividades de extensão, ou melhor, unir reflexão ao ato do jornalismo. Os bolsistas não apenas cumpriam pautas, mas recebiam textos para ler e participavam de seminários, estudando em profundidade os temas correlatos das identidades e das sociabilidades na sociedade urbana contemporânea. Em seguida, debatiam suas pautas e partiam para o campo. Dispunham de muito tempo para ler, escrever, fotografar e editar. A proposta é um jornalismo reflexivo, híbrido, liberto. Talvez, para provar que a distância entre teoria e prática não precisa existir. Adoro chegar ao fim de projetos. Tem uma frase de um filme de Godard, “Elogio do Amor”, que diz que é quando as coisas terminam que elas tomam um sentido (C'est lorsque les choses finissent qu'elles prennent un sens). Sabendo disso, contentemente, espero que as coisas terminem. Além disso, chegar ao fim dos projetos incita começar novos projetos. Aliás, há outra frase, no mesmo filme, que sugere isso: “Para pensar em qualquer coisa é preciso, obrigatoriamente, pensar em outra coisa” (Pour penser à quelque chose, il faut obligatoirement penser à autre chose).
Comentários
Engraçado tu ressaltares que a proposta foi unir reflexão ao ato do jornalismo. Teoricamente, essas duas coisas não devem estar separadas não é? Mas na prática, acaba sendo uma coisa anormal refletir no jornalismo. Estranha profissão essa que eu escolhi!