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Na verdade, a solidão constitui o desejo. Ela o representa. As coisas existem por representação. Ao menos coisas tais. E falar da conexão entre desejo e representação exige mais uma vez Foucault, embora desta vez o F. de As Palavras e as Coisas. No começo dessa obra ele discute o que é o saber na Idade Clássica, apresentando-o como um modo de pensamento dominado pela representação. Com efeito, a Idade Clássica é um período de passagem de um saber baseado na semelhança para um saber centrado na representação. E que seria a representação? Uma ordem taxinômica. Uma ordem centrada na metafisica da identidade. Um sistema clássico de ordenação das coisas. A taxinomia permite conhecer as coisas pelo sistema de suas identidades, se desdobra no espaço aberto no interior de si pela representação, quando ela se representa a si mesma: o ser e o mesmo têm aí seu lugar. Do mesmo modo, o fim do pensamento clássico coincidirá com o recuo da representação.
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