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Enquanto faziamos o doutoramento minha mulher e eu nos deixamos contagiar, de alguma forma, pela história e pela cultura fabulosa do islã. Uma história e uma cultura extremamente ricas, pontuadas por um espírito de civilização, por uma riqueza de detalhamento, cuidado, zelo e, também, por uma fé e uma sensualidade raras. Para muito, muito longe dos estereótipos e da ignorância com que o islã é percebido no Ocidente mas, muito particularmente, pelos brasileiros. E isso é curioso. Em Paris, não se podia convidar um brasileiro para tomar um chá de menta na mesquita da cidade que logo nos olhavam com uma cara de espanto, como se houvesse ali um risco maior que o de entalamento por prazer de comer. Em Belém, a mesma coisa e os mesmos riscos. Uma cultura formada pelo Jornal Nacional e símios televisivos do mesmo filo e chordada, que noticiam o islã com uma tal alteridade que torna impossível qualquer generosidade. A intolerância compacente e a mesma alteridade com que a Rede Globo trata o Nordeste e a Amazônia. Grande pena.
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