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Outra Amazônia 14: 2º recorte: A complexidade humana

O Pará é o ponto inicial da experiência humana na Amazônia e, por esse motivo, reúne, dentre os seus 7,5 milhões de habitantes, populações culturalmente diversas, envolvidas em atividades econômicas igualmente diversas. Quando o Amazonas e o Acre surgem como povoamentos importantes, ao final do século XIX, o Pará já tinha 300 anos de história, 300 anos de conflitos, 300 anos de experiência humana na Amazônia. O resultado disso é uma diversidade humana notável: mais de 60 etnias indígenas, um campesinato de várzea heterogêneo e um campesinato "de estrada" mais recente, quase 400 comunidades quilombolas, uma herança africana riquíssima, fluxos de imigrações portuguesa - sobretudo minhota e beirã -, açoriana, galega, italiana, japonesa, síria e libanesa e isso sem falar do povoamento colonial e dos fluxos migratórios induzidos do século XX, que trouxeram ao estado populações importantes de cearenses, maranhenses, gaúchos e mineiros. A diversidade humana, em si não constitui um fator dificultador, mas isso acontece quando cada um desses grupos, isoladamente ou em conjunto, se dedicam a formar sistemas agrários próprios, com suas próprias práticas de produção e articulação do capital. 

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