Há no Pará duas matrizes econômicas. Uma delas é a matriz econômica de raiz, que decorre da simbiose da sociedade colonizadora com as populações tradicionais. É a matriz da economia cabocla, autosustentável e autoregulável. Essa matriz perdeu seu espaço nas últimas décadas para a outra matriz, a economia produtivista, que procura converter qualquer território, independente de sua experiência histórica, à lógica do grande capital. A matriz cabocla ocupa cerca de 65% do território paraense, o equivalente a uma área com cerca de 1,6 milhão de km2 e ocupa cerca de 2 milhões de paraenses. Ela precisa ser protegida, porque é a garantia de preservação da floresta e das populações que aí habitam, e por isso uma das grande dificuldades estruturais do Pará é controlar a expansão predatória da segunda matriz. Esta, ocupa uma área com cerca de 600 mil km2 e abriga 5,5 milhões de paraenses. Ela concentra a maioria dos problemas sociais e fundiários do estado.
Tomei ontem, junto com a professora Alda Costa, uma decisão difícil, mas necessária: solicitar nosso descredenciamento do Programa de pós-graduação em comunicação da UFPA. Há coisas que não são negociáveis, em nome do bom senso, do respeito e da ética. Para usar a expressão de Kant, tenho meus "imperativos categóricos". Não negocio com o absurdo. Reproduzo abaixo, para quem quiser ler o documento em que exponho minhas razões: Utilizamo-nos deste para informar, ao colegiado do Ppgcom, que declinamos da nossa eleição para coordená-lo. Ato contínuo, solicitamos nosso imediato descredenciamento do programa. Se aceitamos ocupar a coordenação do programa foi para criar uma alternativa ao autoritarismo do projeto que lá está. Oferecemos nosso nome para coordená-lo com o objetivo de reverter a situação de hostilidade em relação à Faculdade de Comunicação e para estabelecer patamares de cooperação, por meio de trabalhos integrados, em grupos e projetos de pesquisa, capazes de...
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