É possível uma indústria brasileira de audiovisual? Sim, desde que haja soluções para dois diferentes problemas: fomento e distribuição.
O ministério da Cultura desenvolve uma política de fomento avançada. Atualmente há onze editais de fomento à produção cinematográfica abertos, bem estruturados setorialmente e com investimentos à fundo perdido. Porém, considerando a diversidade e a disputa regional, pode-se dizer que o caminho a fazer ainda é longo. Como política pública na área do fomento, também é importante mencionar o programa Doc Tv, que financia a produção e a exibição, nas TVs públicas, de documentários. O programa abriu uma nova frente de produção, que é um influxo importante para os mercados locais, e acabou construindo referenciais de qualidade que servem, também, para o debate e reflexão entre os profissionais do setor.
Outras iniciativas contribuem para a consolidação de uma política de fomento ao audiovisual: o programa Olhar Brasil, que implanta núcleos de produção digital e que já está em 12 estados; a Lei do Audiovisual; a criação da Ancine (Agência Nacional de Cinema), e do Funcine, fundo que possibilita a atração de capital de risco para a produção cinematográfica.
Já no campo da distribuição, os problemas avolumam-se. Não há um modelo de negócio, nem pensado e nem consolidado. Há a TV pública, mas o projeto da TV Brasil ainda deixa a desejar, é falho, fraco e frágil. Por outro lado, a tradicional Fundação Padre Anchieta atravessa a maior crise da sua histórica, sobrevivendo praticamente sem apoio do governo José Serra (PSDB), em São Paulo. As TVs públicas estaduais, por sua vez, têm políticas de exibição precárias.
O que não há, na verdade, é um projeto de interação econômica entre internet, cinema, TV aberta, TV fechada, mercado de vídeo e telefonia celular. A TV aberta quase chega a cobrar, para exibir filmes nacionais, e geralmente o faz em horários ridículos. E sem TV aberta como elo de marketing, os cinemas fecham suas portas à produção nacional. No Brasil, ela ainda é a base da cadeia.
Porém, ainda mais perverso é o fato de que, atualmente, 95% dos municípios brasileiros não terem cinemas. Ademais, há também o problema da concentração da exibição em cinemas nas mãos das grandes redes multiplex, que se concentram em shoppings.
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