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Sangue yanomami

Uma proposta de acordo enviada pelo governo brasileiro a cinco centros de pesquisa americanos está prestes a resolver uma polêmica que começou há mais de quarenta anos entre geneticistas e antropólogos estrangeiros e índios Yanomami. Em 1967, equipes lideradas pelo geneticista James Neel e pelo antropólogo Napoleon Chagnon recolheram milhares de amostras de sangue Yanomami no Brasil e na Venezuela.

Em 2000, o jornalista Patrick Tierney os acusou em seu livro "Trevas no Eldorado" de conduzir pesquisas sem obter consentimento dos índios e levantou uma das maiores controvérsias éticas e científicas da antropologia. Sob pressão dos Yanomami, o Ministério Público Federal de Roraima deu início em 2005 a um procedimento administrativo para recuperar as amostras. As universidades, cansadas da polêmica, indicaram disposição em devolver as amostras ao Yanomami.

Quando as mais de 2 mil amostras de sangue coletadas por James Neel e colegas voltarem a Roraima, os Yanomami chamarão os velhos, chorarão pelos parentes mortos e despejarão tudo no rio. Os índios acham inconcebível que partes de pessoas que não existem mais ainda possam estar zanzando por aí, trancafiadas em geladeiras a milhares de quilômetros de distância.

Não há lugar para a permanência dos mortos na Terra na visão de mundo yanomami. As cinzas dos parentes são misturadas a comida ou bebida para que não sobre nada do finado. Seu nome nunca mais é mencionado. "É a maneira como você constrói a separação entre o mundo dos mortos e o dos vivos", diz o antropólogo Bruce Albert, em depoimento no filme "Napëpë" (2004), da antropóloga Nadja Marin. "Se você não faz isso, os mortos voltam e ficam perseguindo os vivos".

Via Folha de São Paulo.

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