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Transformar o lixo em energia

Sobre o problema dos resíduos sólidos, há um artigo de Lúcia Coraca no Valor Econômico de hoje. Um trecho:
Na Holanda e Alemanha, os resíduos são incinerados, gerando energia elétrica e vapor usado no aquecimento urbano. A situação atual da disposição de resíduos sólidos urbanos no Brasil ainda está muito aquém do mínimo necessário para considerarmos que estamos, efetivamente, tratando do problema de uma forma definitiva. Atualmente, cerca de 30% do lixo urbano no Brasil são enviados a aterros sanitários ou aterros controlados enquanto os 70% restantes de resíduos são enviados a lixões, onde são dispostos sem qualquer tipo de tratamento ou controle.
(...) A incineração de resíduos, processo largamente utilizado na Europa e Japão, consiste na queima controlada do lixo em uma caldeira para geração de vapor e, posteriormente num turbo-gerador, para geração de energia elétrica. Esse processo é considerado controlado uma vez que é feita a limpeza dos gases efluentes para remoção dos contaminantes, não gerando poluição atmosférica.
(...) É importante considerar que, em alguns países europeus, como Alemanha, Holanda e Dinamarca, já não há mais lixo "in natura" sendo jogado em aterros, pois suas legislações não permitem. Na Holanda e Alemanha, por exemplo, menos de 5% dos resíduos são dispostos em aterros. Nesses países a prioridade no tratamento de resíduos é a reciclagem, que, em alguns casos, chega a 50% do lixo gerado. Os resíduos não reciclados são incinerados, gerando energia elétrica e vapor usado no aquecimento urbano da região em torno da usina de incineração. Só na Alemanha há mais de 70 usinas de incineração, na França mais de 100 e em todo o continente europeu, mais de 400.
O modelo europeu foi construído ao longo de décadas e seria ousado acreditar que pudesse ser implantado em grande escala no Brasil, em curto prazo. Porém, precisamos caminhar em direção a um cenário nacional mais adequado para disposição de resíduos, sabendo que é necessário compatibilizar as soluções ambientais com as disponibilidades econômicas de cada região.

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