Pelo seguinte: daqui a uma década, mais ou menos, a banda larga será uma sinônimo para telecomunicação. O governo FHC privatizou o monopólio estatal sobre o setor e esperou que as teles, as multinacionais que dominam esse campo, cumprissem a meta de universalizar o serviço, levando-o a todo o país. Põem, ninguém fez isso, pela mera razão de que não havia interesse comercial – ou seja, o investimento necessário não seria compensado pelo posterior lucro. Aliás, é sempre bom lembrar que nem mesmo a propalada universalização da telefonia fixa, da simples e melancólica telefonia fixa, chegou a acontecer e hoje só 40% dos lares brasileiros, bem como dos pequenos negócios adjacentes, a possuem.
A verdade é que o setor privado foi ineficiente. Atualmente, o Brasil possui apenas 12 milhões de domicílios conectados à internet. Além disso, é reconhecido por todos que os serviços prestados pelas teles são escassos, caros e de má qualidade. O gasto com banda larga na renda mensal per capita no país é de 4,5%, enquanto que na Rússia é de 1,68% e nos países desenvolvidos é de 0,5%. Os valores no Brasil representam cinco vezes os do Japão, 2,7 vezes os da Rússia e 2,5 vezes o do México. Além de caro, o serviço ofertado pelas teles é lento: 33% das conexões são de até 256 kbps e apenas 1% delas são superiores a 8 Mbps. Estes obstáculos que é explicam porque apenas 21% dos domicílios – ainda por cima concentrados nas regiões Sul e Sudeste – têm banda larga.
Outro aspecto que deve ser considerado é o benefício da banda larga sobre a economia do país. Mais velocidade significa mais negócios. Estudos demonstram que cada 10% de avanço na penetração da banda larga impacta em 1,4% no PIB. Considerando o crescimento do PIB de 1,4% a cada dez pontos percentuais de crescimento da banda larga, dá para dizer que esse impacto é maior que 2,5%.
Um outro lado da questão que precisa ser considerado é que, na medida em que o serviço de conexão se tornar commodity, novos empreendimentos devem surgir, um outro modelo de negócios vai se formar através da Internet. A sociedade ganha muito com isso. Por exemplo, nos campos da saúde e da educação vamos ter avanços na telemedicina e no ensino à distância.
O Estado brasileiro possui, atualmente, mais de 100 mil diferentes conteúdos didáticos, como videoaulas e filmes, em domínio público. É uma material de qualidade que não está sendo usado pelas escolas públicas simplesmente porque elas não têm rede adequada.
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