Retomo a série de posts sobre política cultural. Ao longo desta semana tratarei de um dos temas mais essenciais (e incrivelmente esquecido) do debate atual sobre política cultural: a economia da cultura.
O caso é o seguinte: desde que superemos uma visão de cultura centrada na defesa de um patrimônio, de uma identidade ou de um passado determinado e que, por conseguinte, passemos a ver cultura como uma matéria viva, ligada ao trabalho, à vida cotidiana e, sim, também ao patrimônio, à identidade e ao passado, mas não de uma forma sufocante, veremos que a cultura pode ser usada para incentivar o desenvolvimento econômico justo e sustentável de um lugar, de uma região, de um estado.
Está provado que a cultura gera trabalho, emprego e renda. Na verdade, a cultura forma toda uma cadeia de produção, que se dissemina pelo turismo, pelo artesanato, pela indústria cultural e por aí afora. Além disso, ela fortalece a educação e promove a inclusão social, especialmente entre jovens e minorias.
Agora, vou dar alguns dados que, talvez, a maioria de vocês desconheça. No Brasil, 320 mil empresas estão no setor da produção cultural. Isso equivale a quase 5,7% do total de empresas no país.
Essas empresas dão trabalho formal a cerca de 1,6 milhão de pessoas, 4% dos postos de trabalho brasileiros. E agora algo muito importante: A média salarial paga pelo setor cultural, de 5,1 salários mínimos, é quase o dobro da média salarial nacional – exatamente 47% maior. Ou seja: o potencial de crescimento da massa salarial e de valorização do trabalhador é maior que o de outros segmentos da economia.
E isso antes de acrescentar mais um dado: o trabalho artístico, cultural ou intelectual em geral é uma atividade ambientalmente sustentável.
Comentários