Um grande historiador. Inspiração pura para que tenhamos lucidez. Para que analisemos o presente com a frieza necessária e para que não cedamos à história que os tolos desejam fazer. Para indignar-se ele não usava o passado. Tinha a atualidade, e não a poupava. Nem ela a ele.
Tony Judt morreu na sexta-feira passada e todos perdemos muito.
Seu estilo era instigante, e não nos poupava da crueldade da história. Instigava-nos. Sondava-nos. Talvez por isso foi tão maltratado pelos "construtores do presente" - um presente sem política real. Poucos teriam coragem de dizer, num livro de "história", uma coisa dessas:
O processo de paz no Médio Oriente acabou. Não morreu. Mataram-no.
Os dados precisos do passado serviam, em Judt, para nos ensinar a nos defendermos do presente. E para não ficarmos só na profunda admiração que tenho por ele, vamos a uns trechinhos desse seu livro tão cruel conosco que é "Pós-Guerra. Uma história da Europa desde 1945":
Entre 1939 e 1941 os Nazis escorraçaram 750.000 camponeses polacos para Leste e ofereceram a terra esvaziada a alemães. (...) Poucas semanas após o fim da Guerra, uma em cada cinco pessoas de Varsóvia sofriam de tuberculose. (...) As clínicas e médicos de Viena documentaram que 87.000 mulheres foram violadas à passagem do exército vermelho. (...) Na Baviera em 1951, 94% dos juízes e procuradores tinham sido membros do partido Nazi.
Comentários
Sinto muito. Pelo twitter vi que vc está chateado com essa perda. Mas parece que as lições de Jundt ficaram muito claras e vc é um seguidor delas. Vamos em frente, historiando o "presente". Força!