O PSDB perdeu a identidade política quando passou a esconder – e até mesmo a renegar – aquele que, queiram ou não, é ainda seu ícone: FHC. Fazer isso não é ato de pragmatismo político, mas sim de suicídio político. Equivale à trair as próprias bandeiras e a repudiar ações que, erradas ou corretas, constituiriam um patrimônio simbólico de peso. Afinal, o partido governou o país por oito anos e, mesmo na falta de coisa melhor, sempre poderia dizer que controlou a inflação. Poderia renovar suas bandeiras e fazer a passagem do neo-liberalismo para um liberalismo digno e criar uma direita honrada, capaz de ter fala própria, voz ativa e de fidelizar parte importante do eleitorado.
Mas não. Optaram, muito futilmente, por fingir que o debate não era com eles. Fugiram da luta renegando os seus e abandonando sua gente pelo meio do caminho. Em síntese, abandonaram sua identidade política.
Esse fenômeno, que pode ser entendido como uma espécie de “medianização da política”, não é exclusivo do PSDB, ainda que encontre, nele (e no PPS), seus exemplos mais dramáticos (e também patéticos). Ele está presente no PT, igualmente, mas numa escala muito inferior e em vários outros partidos.
A identidade política se torna algo supérfluo quando se tem um sistema eleitoral meio oba-oba, centrado na imagem pessoal e em factóides, como é o caso do sistema brasileiro. Acaba ficando fácil abrir mão dela...
O caso é que, abrindo mão, sucessivamente, de seus referenciais e identidade, a medianização da política acaba se tornando uma imbecilização da política.
É nesse processo que a classe política vira classe pulhítica...
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