Se a base parlamentar do governo tende a ser frágil e sucetível, o restante do parlamento paraense não poderá ser considerado, propriamente, um modelo de coesão. A oposição ficará a cargo do PT (8 deputados) e do PSOL (1 deputado), e deles pode-se esperar uma oposição consistente. Por parte do PT pelo fato de que sua experiência no governo lhe mostrou “como funcionam as coisas” do outro lado. Por parte do PSOL, em razão do projeto do deputado Edmilson Rodrigues de retornar à prefeitura de Belém.
E, além deles, haverá um amplo centro, formado pelo PR (4 deputados), PDT (2 deputados), PRB (2 deputados) e PV (2 deputados). Um centro que poderá pressionar o governo ou, docilmente, caminhar com ele.
O problema, para o governo, será o fato de que o PMDB tem, na presidência da casa, um dos elementos fundamentais do seu “ponto de equilíbrio”, tal como mencionei no post anterior. Isso se dá pelo fato de que a presidência da casa é o nó central da pressão que o legislativo pode exercer sobre o executivo, a ponta da lança. O PMDB se acostumou, no governo AJ, a ver a presidência da Alepa como essencial ao seu ponto de equilíbrio, um espaço naturalmente seu. Os comentários correntes indicam a possibilidade de uma composição com o PT para preservar esse espaço, mas isso, naturalmentem, pode não passar de um balão de ensaio, de uma seguestão velada, ao PSDB, para que ele nem pense em disputar esse espaço. Bom, assim se faz a política...
Agora, uma consideração a mais: embora o cargo seja uma pretensão de longa data do deputado Carmona, o nome da deputada Simone Morgado, certamente, seria a preferência do ex-deputado federal JB.
Comentários
Quanto ao PSOL, acho que é esse mesmo o problema. Política se faz por meio de articulação. Qualquer sectarismo, ou seja, indisposição para o diálogo, fechamento, resulta num bloqueio que anula a própria função da política.
Percebi. Pode ser isso que vc sugere, ou alguma forma de pressão. Agora uma coisa é o ódio de classe de alguns próceres do governo, que vai ficando indisfarçavel conforme a idade chega, e outra coisa são as relações pragmáticas que existem. Vamos ver aonde eles chegam.
Vc tem razão, vamos ver aonde chegam. No caso do PR, como sabemos, a coisa passa, umbilicalmente, pelo PTB do prefeito Duciomar.
Comentei um pouco num post mais recente, mas prometo falar mais sobre isso.