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Zona Franca bate recorde de faturamento em 2010


O pólo industrial de Manaus fecha o ano com faturamento de 35 bilhões de dólares, um recorde histórico. Mas importante que isso: Manaus resiste bravamente ao processo de desindustrialização que, em algumas outras regiões do pais, grassa – graças a essa insustentável valorização da moeda nacional.
Reproduzo uma entrevista concedida por Gilmar Freitas, assessor econômico da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas, à revista Exame:
Como estão os investimentos e a produção na Zona Franca?
A tendência em 2010 é que tenhamos recordes de produção, faturamento e emprego no estado do Amazonas, onde a indústria do pólo de Manaus segue como a locomotiva do desenvolvimento. Os postos de trabalho ocupados na indústria local neste ano já ultrapassam a casa de 100 000. Os investimentos fixos apresentam uma curva ascendente, com novos projetos aprovados na Suframa, a Superintendência da Zona Franca de Manaus, e no governo do estado. O crescimento da economia brasileira já prenunciava o nosso desempenho, uma vez que normalmente apresentamos crescimento superior ao nível nacional. O faturamento do Pólo Industrial de Manaus deve atingir mais de 35 bilhões de dólares neste ano, o que será um recorde.

E a exportação? As exportações até outubro cresceram 40% em relação ao mesmo período de 2009. Mas o volume de exportação não dever superar o alcançado em 2008, em razão da fraca recuperação econômica dos países europeus e do mercado americano, além da grande valorização do real, ocasionada principalmente pela guerra cambial entre os Estados Unidos e a China.
Que setores estão crescendo mais no pólo?
Há crescimento de produtos do setor eletroeletrônico como televisores de LCD e LED, aparelhos de DVD e Blu-ray e outros. Eles têm alto grau de competitividade, concorrendo com alguma vantagem mesmo frente a similares importados de países como China e Índia. Também apresentam crescimento expressivo motocicletas, concentrados e extratos vegetais, celulares e produtos que empregam alta tecnologia.
Quais os itens que não vão tão bem?
Enfrentam dificuldades produtos de mídia gravados, como CDs de áudio, DVDs, CD-Rom, DVD-Rom etc. Produtos de pequenas dimensões, mas de alto valor agregado, como relógios e canetas mais sofisticadas, são também constantemente ameaçados pelo contrabando e pela pirataria.
Está havendo desindustrialização na Zona Franca de Manaus?
Acredito que não. Uma das características da desindustrialização é a redução do emprego industrial em conjunto com a perda do valor industrial no produto interno bruto. O que está ocorrendo atualmente no Pólo Industrial de Manaus é o aumento do emprego nas fábricas. No período de 2002 até 2008, o pólo sempre apresentou uma curva ascendente de produção, faturamento e emprego, momentaneamente interrompida em 2009 com a crise financeira mundial.
Mas não há uma diminuição do índice de nacionalização dos produtos?
Não se pode falar em desnacionalização da produção, pois a substituição de alguns componentes nacionais por importados é transitória. Esse avanço da demanda por componentes importados deve-se à grande queda de preços em dólar. Além disso, existem ainda estoques fartos de componentes no mercado mundial, o que faz cair os preços. Assim, há uma vantagem de preço de componentes importados e a indústria do Pólo Industrial de Manaus está aproveitando a oportunidade para reduzir custos, usando a folga do Processo Produtivo Básico, que permite a importação.
Quando a tendência de importar componentes irá se reverter?
É notório que a indústria amazonense prefere o fornecimento nacional, pois o importado precisa ter menos da metade do preço do componente feito no Brasil para compensar a burocracia, o frete e a manutenção de estoques. A recuperação da demanda por componentes nacionais e regionais voltará tão logo os preços dos fornecedores do exterior atinjam patamares anteriores e a indústria nacional possa se empenhar mais na inovação tecnológica e de processo.

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