Pular para o conteúdo principal

Coisa difícil, o Egito 1

Todo ano os EUA injetam 1,3 bilhão de dólares no Egito a pretexto da "modenização" do complexo militar nacional. Não obstante, pelo que se informa, a quase totalidade desse dinheiro é, costumeiramente, desviada para forças anti-americanas do país, notadamente para os remanescentes do partido comunista egípcio. Mubarak é sucessor de Sadat que foi sucessor de Nasser. Os dois primeiros foram a antiamericanos ferrenhos. Mubarak está na boa com americanos e israelenses, mas todos sabem que desviar toda essa grana para a luta contra ambos é parte da engrenagem da paz acordada. Ou seja, os EUA financiam a própria luta antiamericana como uma condição para a aliança com Mubarak.


Não obstante, os EUA também financiam – en revanche - a luta contra seu próprio aliado. Explico: Tradicionalmente, os governos egípcios não possuem base de apoio popular consolidada e a solução que dão é, invariavelmente, a articulação contingenciada com alguma grande força social do país. É uma dinâmica cultural, uma cultura política, na verdade. Nasser articulou sua base com os movimentos populares; Anuar Sadat com a Irmandade Mussulmana; Mubarak, com religiosos mulssumanos (que, vejam bem, são hostis à tal Irmandade Mussulmana, ela mesma dividida em facções tão complexas que, algumas, inclusive, chegam a combater a própria Irmandade Mussulmana, ou seja, combatem a si mesmas). O problema de Mubarak sempre foi, na verdade, o fato de que os egípcios, em geral, por uma questão cultural histórica, hostilizam essa dinâmica de associação entre eligião e política, bem como todo fundamentalismo, ao contrário de vários outros países mulssumanos. Então os EUA – mas também a França e a Inglaterra – injetam, todo ano, algumas centenas de milhões de dólares, para financiar a luta de mulssumanos contra o excesso de islamismo da política do país.
Ô coisa difícil entender esse Egito. Já tentaram, de verdade? Se conseguiram, peço ajuda.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Eleições para a reitoria da UFPA continuam muito mal

O Conselho Universitário (Consun) da UFPA foi repentinamente convocado, ontem, para uma reunião extraordinária que tem por objetivo discutir o processo eleitoral da sucessão do Prof. Carlos Maneschy na Reitoria. Todos sabemos que a razão disso é a renúncia do Reitor para disputar um cargo público – motivo legítimo, sem dúvida alguma, mas que lança a UFPA num momento de turbulência em ano que já está exaustivo em função dos semestres acumulados pela greve. Acho muito interessante quando a universidade fornece quadros para a política. Há experiências boas e más nesse sentido, mas de qualquer forma isso é muito importante e saudável. Penso, igualmente, que o Prof. Maneschy tem condições muito boas para realizar uma disputa de alto nível e, sendo eleito, ser um excelente prefeito ou parlamentar – não estou ainda bem informado a respeito de qual cargo pretende disputar. Não obstante, em minha compreensão, não é correto submeter a agenda da UFPA à agenda de um projeto específico. A de

Leilão de Belo Monte adiado

No Valor Econômico de hoje, Márcio Zimmermann, secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, informa que o leilão das obras de Belo Monte, inicialmente previsto para 21 de dezembro, será adiado para o começo de 2010. A razão seria a demora na licença prévia, conferida pelo Ibama. Belo monte vai gerar 11,2 mil megawatts (MW) e começa a funcionar, parcialmente, em 2014.

Ariano Suassuna e os computadores

“ Dizem que eu não gosto de computadores. Eu digo que eles é que não gostam de mim. Querem ver? Fui escrever meu nome completo: Ariano Vilar Suassuna. O computador tem uma espécie de sistema que rejeita as palavras quando acha que elas estão erradas e sugere o que, no entender dele, computador, seria o certo   Pois bem, quando escrevi Ariano, ele aceitou normalmente. Quando eu escrevi Vilar, ele rejeitou e sugeriu que fosse substituída por Vilão. E quando eu escrevi Suassuna, não sei se pela quantidade de “s”, o computador rejeitou e substituiu por “Assassino”. Então, vejam, não sou eu que não gosto de computadores, eles é que não gostam de mim. ”